terça-feira, 20 de setembro de 2011

Chicken Tikka Masala


Ontem à noite, publiquei no Instagram essa a foto aí. Tirei direto do meu prato, antes da primeira colherada, mas depois de ver o chef Greigor Carsley (do adorável e agora extinto Drake's) fazer bem na minha frente. Eu já tinha feito chicken tikka masala, mas o do Greigor é levemente mais adocicado, mais equilibrado, muito bom mesmo.


O crédito devido: tudo isso aconteceu uma atividade da Cultura Inglesa, onde voltei a estudar inglês depois de anos fora das salas de aula.

O mote: há pouco tempo, uma pesquisa revelou que o Chicken Tikka Masala destronou o fish'n'chips e se tornou o alimento mais consumido no Reino Unido.

A curiosidade: esta é a receita britânica mesmo. A indiana, que na verdade se originou na Indonésia, não tem molho.

Dito tudo isso: a querida Ana Ban mandou eu liberar a receita. Que não é minha, é do Greigor, e eu espero que ele não se importe de eu reproduzi-la aqui, traduzida e com alguns pitacos meus.

Chicken Tikka Masala (para seis pessoas)
100 ml de ghee (ou manteiga mesmo)
100g de cebolas picadas
10g de alho picado
50g de gengibre picado
20g de garam masala (pó feito com cardamomo, louro, pimenta preta, cominho, sementes de coentro, canela, cravo, açafrão. Cada família da Índia tem uma receita própria, então misture a seu gosto sem exagerar. Uma pessoa apressada no Brasil poderia substituir por aquele pó chamado de curry, embora eu não recomende)
uma colher de sopa de páprica
uma colher de sopa de chili em pó
500g de peito de frango cortados em cubos
200g de tomate em lata (eu geralmente faço com meu extrato de tomate)
200 ml de creme de leite fresco
100 ml de iogurte
uma colhe de sopa de mel
sal a gosto
folhas de coentro (opcional, mas só porque em São Paulo as pessoas são frescas e não comem coentro)

Método

Refogue a cebola no ghee em temperatura baixa até ela ficar translúcida, e então adicione o alho e o gengibre. Cozinhe por mais um minuto. Adicione o açúcar mascavo (que não está na lista original, deve ser uma colher!) e as especiarias (mas reserve metade do garam masala pra cozinhar com o frango, mais tarde).

Adicione o tomate e cozinhe até a água evaporar. Mexa bem.

Salteie o frango com o resto do garam masala e o ghee. Adicione o molho. Finalize com o creme de leite, o iogurte e o mel.

Sirva com arroz.

O arroz: é comum com açafrão. Eu tentaria com arroz thai ou basmati.

Bom apetite!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Últimos dias

Marina Abramovic em "The artist is present"


Exposições
As aventuras da linha, de Saul Steinberg
Oneness, de Mariko Mori

Livro
Tree of Codes, de Jonathan Safran Foer

Quadrinhos
Optic Nerve # 12, de Adrian Tomine

Álbum
Fôlego, de Filipe Catto

Game
The artist is present

sábado, 17 de setembro de 2011

Steinberg fala sobre o Brasil


"Certa vez, estive no Brasil e subi o rio Amazonas e estive em lugares muito curiosos, como Pernambuco, Rio, São Paulo. O que mais me impressionou aconteceu numa praia distante, acho que foi em Pernambuco, talvez no Recife. Primeiro, vi um bode verde, depois vi uma galinha verde, depois um cachorro verde. Era uma coisa misteriosa ver tantos bichos verdes. Acabei descobrindo a razão. Havia uma cerca recém-pintada. E os bichos tinham se esfregado na tinta da cerca. Foi o que mais me impressionou. Eu devia falar sobre a injustiça social no Brasil, sobre a arte, o clima, sobre situações glamurosas, como a minha exposição por lá. Mas o cachorro verde, a galinha verde, foram as coisas realmente essenciais."
Saul Steinberg, c. 1954
(da exposição em cartaz na Pinacoteca)

domingo, 11 de setembro de 2011

Últimos dias

"E o reboot da DC, hm?"

Filmes
Submarino
Um conto chinês

Programa duplo Nelson Leirner
Assim é se lhe parece (documentário)
Nelson Leirner 1961 - 2011 - 50 anos (retrospectiva)

Instalação
Rio Oir, de Cildo Meirelles

HQ
Animal Man # 1
Action Comics # 1
Les yeux du chat

Evento
Lygia Fagundes Telles no Encontros de Interrogação

Revista
Vitória em Cristo, perfil de Silas Malafaia na Piauí (ver post anterior)

(Obrigado, Lielson, pela imagem.)

sábado, 10 de setembro de 2011

Elizete Malafaia

"Elizete [Malafaia, esposa de Silas] queria saber se eu acreditava em Deus, se era cristã, se já havia lido a Bíblia, se já havia ido a algum culto evangélico, se havia sido batizada na Igreja Católica. Respondi não a todas as perguntas. Falou-se sobre Deus e o Diabo. Ela afirmou que as forças do mal se empenham a todo instante em impedir que o mundo e o ser humano se aperfeiçoem. 'Eu não tenho problema com quem não é cristão, mas você pelo menos acredita no bem e no mal?' 'Não no sentido metafísico', respondi-lhe. Não houve mais perguntas."

Daniela Pinheiro, em momento iluminado da reportagem Vitória em Cristo, perfil do pastor Silas Malafaia que está na revista Piauí deste mês.
Aqui (pra assinantes e quando a revista estiver aberta para todos).

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Comic-Con Strikes Again!

San Diego Comic-Con 2011 - Day 3

Douglas Wolk me conquistou há uns anos, quando li seu Reading Comics. Encontrei ali um poço de sensatez sobre histórias em quadrinhos. Não é sempre que isso acontece. Num mundo dominado por fãs, trabalho e paixão se confundem com muita facilidade. As coisas se misturam demais - editores viram jornalistas, jornalistas viram criadores, criadores viram donos de lojas e por aí vai. É uma promiscuidade que, verdade seja dita, faz parte desse universo - e que, no fim das contas, traz mais benefícios que prejuízos. Mas que, de qualquer forma, acaba minando a objetividade. (Eu estava falando do mercado americano, mas, ao reler, me dei conta de que a descrição se encaixa direitinho pro Brasil.)

Mas Wolk era sensato. Tinha opiniões decentes. Não se deixava impressionar pelo sucesso de mercado. Tinha um bom gosto invejável pra selecionar bons quadrinhos (não me arrependi de nenhuma das dicas que peguei dele). Suas críticas não só comentavam a HQ mas, como deveria ser sempre, iluminavam a leitura.

Comecei a acompanhar o trabalho de Wolk - principalmente no New York Times, jornal no qual volta e meia ele escreve sobre quadrinhos no caderno dominical sobre livros. Também gosto muito de seus trabalhos hercúleos - como os blogs sobre a complexa série Final Crisis e sobre todas as HQs já publicadas do Judge Dredd.

Comic-Con strikes again! é seu novo livro. Um livrinho, na verdade, mais precisamente um Kindle Single, que é o formato de publicações rápidas para leitura digital, e que só estão à venda na Amazon mesmo.


O que Wolk faz é levar o leitor a um passeio pela San Diego Comic-Con. Eu nunca fui e, sinceramente, não tenho vontade de ir a passeio, como alguns amigos eventualmente sugerem. A trabalho, como todo mundo que eu conheço vai, seriam outros quinhentos. Mas como turismo me parece mais roubada que a 25 de Março em véspera de Natal. Wolk confirma minha intuição: descreve os horrores das filas, os cosplayers mais medonhos, os fanatismos que certamente me deixariam irritado. Mas também fala de novidades - mesmo pra quem, como eu, leio sobre a Comic-Con hpa anos. Foi pelo livro que fiquei sabendo de várias sutilezas que, provavelmente, nem estando lá eu veria, como a mesa dos primeiros colecionadores de gibis (algo que me lembrou dos leitores brasileiros de Tex).

Tenho a impressão de que o livrinho rápido e barato vai encantar tanto os leitores de quadrinhos quanto os espectadores de cinema, já que os dois acompanham cada vez mais de perto a Comic-Con. Também me parece que será uma leitura proveitosa pros jornalistas que cobrem entretenimento, porque dá uma ideia geral de um evento cada vez mais importante.

Dito tudo isso, chegamos ao que importa no post: os trechos de Comic-Con strikes again que separei pra compartilhar aqui:

"Comic-Con is a bacchanalian 100-hour orgy of fandom, and fandom is all about cathexis: investing one’s energy and identity in a particular idea or person or thing. The genius of the pop culture of the past century is that it’s turned extendable brands into the objects of cathexis. A piece of popular entertainment is almost never only itself: if you find yourself attracted to it, it leads you to invest yourself into it with the promise that there’s more where that comes from."

"There are lines to get into the building, lines to get into panels and screenings, lines to buy 'limited-edition collectibles,' lines to get autographs, lines to get tickets to get autographs, lines to get food, lines to get across the street. There are lines to buy tickets for next year’s show. The first line you encounter is the very long one at the end of which you hand over your ticket. In return, they give you four things: a badge that gets you into the convention center; a 192-page catalogue of events, with a bound-in section of maps; a magazine with articles about a handful of show guests and media anniversaries; and the biggest goddamned shopping bag you have ever seen in your life, with a strap to convert it into a backpack so as to better display its billboard-sized ad for some movie or game or show."

"If you’re making the kind of media that people wear T-shirts about, you need fans, and you need the biggest fans first."

"These are the people who seek out their favorite artifacts of culture, and glom onto them, and live the life: reading, discussing, watching, rereading, thinking, decorating, dressing, collecting, rewatching, quoting, accessorizing. They post on message boards. They tweet. They tell their friends what they like.  The fact that it’s now harder than ever to buy tickets to the show and get a flight to San Diego and arrange for a place to stay just means that the people who pull it off are the most committed of all, and the most valuable tastemakers."

"These days, turning a comic book into a movie isn't enough; that happens all the time. The buzzword of Comic-Con 2011, the thing everybody in the business is talking about, is 'transmedia'."

"Star Wars is our holy writ. Star Trek, oddly, has become camp now--the sort of thing that old-school fans used to like--especially thanks to William Shatner’s slow slide into cheerful self-parody. But Star Wars holds us together."

"Every entertainment professional I know dreads Comic-Con at least a little bit, and most of them go anyway."

domingo, 4 de setembro de 2011

Últimos dias

 Charlotte Free no Terry Richardon's Diary 

Filmes
Revolução em Dagenham
Aconteceu em Woodstock

Livros
A página assombrada por fantasmas - Antônio Xerxenesky
Comic-Con strikes again - Douglas Wolk

Site / Uma garota

Música
Son of Chamber Symphonie - John Adams
Firework - Glee Project

TV
Quarta temporada de Damages

(Me ocorreu agora que seria uma boa forma de acabar os domingos. Com sorte e persistência, vai melhorar.)

Uma pequena decepção


Acabo de ler o álbum Combate Inglório, lançado por estes dias pela pequena e simpática editora Gal. E tenho que ser franco e dizer: não gostei.

Pode ser que minha expectativa estivesse nas alturas, porque elogios dos mais respeitáveis precederam minha leitura. E porque a Gal vem geralmente lançando bons títulos (como Mundo Fantasma, que nada mais é que a versão nacional do Ghost World do Daniel Clowes, e que recomendo com entusiasmo). E porque o tradutor é o meu querido amigo Delfin - cujo trabalho parece ter sido bem competente, diga-se de passagem.

(Update em janeiro de 2018: a Ghost World agora está com a Nemo.)

Combate Inglório é a edição brasileira de Blazing Combat, álbum que reúne os quatro únicos gibis da série de mesmo nome, que foi tirada de circulação nos anos 60, acusada de ser antiamericana e subversiva. Esse material ficou fora de circulação por décadas. Portanto, tem um valor histórico assegurado. Disso ninguém duvida.

Mas os roteiros me incomodam. Não é nem pela verborragia que marca as HQs americanas da época. Disso eu não gosto, mas OK, faz parte. O problema é outro: a sequência de histórias curtas com finais chocantes é cansativa, porque no terceiro ou quarto final chocante você não se choca mais. E aí dá-lhe história de guerra com final chocante que não choca. Veja bem: tenho certeza de que, pros adolescentes americanos dos anos 60, morrendo de medo de serem convocados pro Vietnã, era incrível. Mas nessas eu caí no sono duas vezes.

Aí vem a arte. São desenhos fabulosos. É o ponto alto de Blazing Combat. Se o roteiro ficou datado, a arte é um arraso. Tem Alex Toth, John Severin, Wally Wood, Al Williamson, uns caras de quem eu realmente curto o trabalho.

Mas aí, justamente aí, vem o ponto que mais me incomodou: a Gal conseguiu a façanha de publicar um álbum menor que o original da Fantagraphics. Em vez de 20 x 25 cm, 16,5 x 24 cm. Em vez de dar espaço pra arte respirar, de tratar como livro de arte, encolheu, sufocou, matou suas histórias. 

Eu já tinha visto o álbum que deu origem à versão nacional numa livraria. Folheei, achei bonitaço e deixei lá, pensando justamente que a versão nacional estava a caminho. Então comprei o livro da Gal pela internet. Quando chegou, veio a decepção. Dá vontade de voltar lá, de devolver, de acrescentar mais R$ 2,60 nos R$ 42 que paguei pra trocar pela edição americana - ou de trocar por algo mais legal mesmo.

***

Na contracapa, há uma citação do meu muso Douglas Wolk. Ele não chega a fazer um elogio direto, só diz: "Acho saudável adolescentes terem acesso a quadrinhos bem escritos e bem desenhados sobre a guerra, desde que estes passem a mensagem de que a guerra é fútil, estúpida e sem sentido".

Fui atrás da citação original: é de uma lista de dez séries de quadrinhos que deveriam ser publicadas para sempre. A editora, naturalmente, não citou a parte que diz que não é por ele, e sim pelo bem comum, que Wolk fez sua escolha.

Isso resume bem o que penso sobre Combate Inglório: deve ser uma boa HQ pros outros. Mas não é pra mim.