domingo, 7 de dezembro de 2014

Não é a primeira coisa a fazer

Não é a primeira coisa a fazer a diferença de idade de trabalhar em um ano de prisão contra ele no Brasil é um grande número dos outros é o melhor de tudo o mais rápido do mundo e a sua família que a empresa não tem como não é a primeira coisa a fazer a diferença de idade de trabalhar em um ano de prisão e o seu amor e a sua família que a empresa não tem como não é o melhor de tudo o mais rápido do mundo e a gente não pode se transformar num país que mais me incomoda muito bem o dia inteiro na rua com o tempo de serviço e o mais rápido possível e o mais rápido que os dois lados do conflito no Brasil é um grande número dos outros é o melhor do mundo de hoje é o melhor do mundo de hoje é o melhor de todos nós sabemos o quanto antes da chegada de uma pessoa e o mais rápido possível e a gente não pode se transformar num país que mais me incomoda muito bem o dia inteiro na rua com a sua vida é um grande número de mortos em que a gente não tem nada pra comer um bolo e a sua vida é um grande número de mortos em que a empresa de consultoria e serviços produzidos no país que tem que ter uma vida inteira e a gente se vê é a melhor forma possível. 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Poema sugerido (7)

Não é o melhor de todos nós temos de fazer o trabalho do que o Brasil é um grande número de mortos em um comunicado do ministério público federal em São Luís do que ter uma ideia de que a gente não se trata de um vídeo a seguir o mesmo período do ano passado a gente não pode se transformar num dia e o seu amor e sexo com o tempo de serviço e a sua família e o que é a melhor forma possível para o Brasil. 

Poema sugerido (6)

Não é a primeira coisa a fazer o trabalho do país que tem que ter uma vida de uma forma que o Brasil é o melhor de todos nós sabemos o quanto antes do fim do ano passado a tarde inteira de uma forma que o Brasil tem uma pessoa e não é a melhor coisa do passado com a sua família que a gente não se pode ter certeza de que a empresa não tem nada pra comer e ir dormir na sua casa em um comunicado do ministério público federal em São Luís do que a gente não pode se tornar uma estrela do pop o Brasil é o melhor de tudo o mais rápido possível e a sua família que o governo de minas e energia elétrica do estado do Paraná é a primeira coisa a fazer a diferença de que o governo de minas e energia elétrica do estado do Paraná é a melhor forma possível que a empresa não é o melhor do mundo de hoje é o melhor do mundo e o seu amor por você eu vou fazer o trabalho do país que tem que ter um pouco mais do mesmo jeito é ficar em pé e a gente não se pode ter certeza de que a empresa de consultoria e o seu nome é o melhor de tudo que é a primeira coisa a dizer sobre a situação de risco para o dia inteiro e não é o melhor do mundo de futebol e a sua vida de um dos maiores nomes do que a gente se vê é a primeira coisa a fazer a diferença de que o Brasil tem que ter um pouco mais do mesmo jeito é ficar em pé e a gente não pode se tornar uma estrela do pop. 

Poema sugerido (5)

Mas o fato de que o Brasil é um grande número dos principais nomes do que a empresa não é a melhor forma possível para o dia inteiro com a sua família que a empresa não é a primeira coisa a dizer sobre a vida de uma pessoa e não tem nada pra comer um bolo e a sua família que a gente não pode se transformar num país que mais me incomoda muito bem o dia inteiro com o tempo de serviço e a gente não pode se transformar num país que mais me incomoda muito bem o dia todo.

Poema sugerido (4)

Não é a primeira coisa a fazer a diferença de idade que a empresa não tem como não é a melhor forma possível para a construção do estádio de abertura do processo do que a empresa não tem como não é o melhor de tudo o mais rápido do mundo e a sua família que o Brasil é um grande número dos outros é o terceiro lugar na classificação de crédito do país em junho do ano passado a tarde inteira e ainda tem que ter uma vida inteira e ainda tem que ter uma vida de uma pessoa e não é a primeira coisa a fazer a diferença é de um dos principais problemas que a gente não se trata de um dos principais problemas. 

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Suggested poem (1)

The fact I can get it right away with the best of the day before I get a follow back on my way home from work to be the third time this season is a good time with the best of the year and the other hand is the only thing that would have to go back and I don't think that I have a great way of life and the best thing to say it was the best thing to say it was the best of luck with the same thing to say that I have a great way of the year and the other hand is the only thing. 

Poema sugerido alternado da esquerda para a direita e volta, um de cada vez (1)

Eu te amo te dar um abraço de urso Yoko e a de que tem um monte de coisas que não tem nada pra mim e a de que o país tem uma vida inteira de uma pessoa e a de que a de um dos mais de uma vez que a de que o país tem uma vida inteira de que a empresa em comunicado à comissão de constituição e justiça social e a sua vida inteira por alguém como ele se refere à frente da pasta de amendoim torrado e picado sal e uma queda na taxa básica e de um ano antes da abertura da primeira etapa do mundial do comércio de produtos de higiene bucal o país que mais de dois anos de vida e o país tem que se trata de um ano antes da abertura da primeira etapa do mundial do comércio de produtos de higiene bucal o país que mais me ama e a gente se vê a hora que o governo de Pernambuco e presidenciável petista e o país tem um monte e não tem uma coisa é a melhor forma para a sua opinião sobre a possibilidade de o Brasil tem que se trata de um dos maiores nomes de pessoas com o que é um dos principais pontos. 

Poema sugerido (3)

Mas o fato de que o Brasil tem uma pessoa e não tem como não é o melhor de tudo que é a primeira coisa a fazer a diferença de que o Brasil é o melhor de tudo que é a melhor forma possível para o dia todo e o seu amor por você eu vou te amar mais do que a empresa não é o melhor do mundo e o seu amor e a gente não se pode ter certeza. 

Poema sugerido (2)

Não é o melhor de tudo o mais rápido do mundo e a gente não pode se transformar num país que mais me incomoda muito bem o dia inteiro com a sua família que o Brasil é um grande número dos outros é o melhor do mundo de hoje é o melhor do mundo de hoje é o melhor de todos nós sabemos o quanto antes da chegada de uma pessoa e não é a melhor forma possível que a empresa não é a melhor forma possível que a empresa não é a primeira coisa a dizer sobre a vida de uma pessoa e não tem nada pra comer um bolo e a sua vida é um grande número dos outros é o melhor de todos nós sabemos o quanto antes da chegada de uma forma que o Brasil é um grande número de mortos em um ano de prisão e multa para a empresa não tem nada pra comer um bolo e o seu nome é o melhor do mundo e o seu amor por você eu vou fazer o trabalho do que a gente não pode se tornar uma estrela do pop o seu amor e sexo com a sua família que o Brasil tem uma pessoa e não é o melhor do mundo e a sua família e o que é a primeira coisa a fazer o trabalho do que a empresa de consultoria e o seu nome e a gente se vê é a primeira coisa a dizer sobre a vida toda. 

Poema sugerido (1)

Eu sou o único a ter uma vida inteira e o seu amor e a sua família que a empresa não tem como não é a primeira coisa a fazer a diferença de idade que a empresa não tem como não é a primeira coisa a fazer a diferença de idade que a gente não se trata todo mundo tem que ter uma vida inteira e o seu amor e a sua família que a empresa de consultoria e o que é a melhor forma possível para a empresa não é o melhor de tudo o mais rápido do mundo e a gente não se trata de um dos principais problemas que a gente não pode se transformar num país que mais me incomoda muito bem o dia inteiro com o tempo de serviço e a taxa básica de juros e o seu nome é a melhor forma possível para a sua família. 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

No Cinema (10)

Já faz um tempinho que não publico comentários rápidos e rasteiros sobre os filmes que vi (os bons, os interessantes, os que valem à pena por algum motivo qualquer). Mas enfim, estão aí:




Boyhood - Enquanto a gente achava que Richard Linklater estava falando de envelhecer só ao transformar Antes do Amanhecer em uma trilogia, ele já estava dirigindo um longa de duas horas e meia que acompanha o crescimento de um moleque. É muito mais radical. Se dedicar por tanto tempo a um projeto tão arriscado: poucas vezes vi maior prova de amor ao cinema.


Relatos selvagens - Neste filme argentino, a selvageria é o oposto de civilização. E os seis relatos selvagens são sobre pessoas que rompem os limites civilizatórios. Vou um pouco além: ao mostrar pessoas que se deixam levar pelos impulsos, o filme fala diretamente aos impulsos que contemos: a vontade de matar a ex do marido, de explodir o funcionário público kafkiano, de arrebentar a cara do motorista que nos ultrapassa na estrada.

Pra ser ótimo, Relatos selvagens fica devendo uma reflexão que vai além da documentação. O filme expõe os limites, mas não reflete sobre eles. Mas entendo o porquê de tanta gente sair encantado do cinema: acho que estamos muito próximos dos nossos limites civilizatórios, e acabamos nos identificando com as fantasias realizadas dos personagens. Vira catarse pura.


Tim Maia - Com um tom mais próximo da comédia do que da tragédia, o filme começa melhor do que acaba. Os percalços da juventude têm mais graça e leveza que um homem que precisa enfrentar a si mesmo. Mas Tim Maia não deixa de ser uma biografia competente, com uma atuação bárbara do protagonista, Babu Santana. (Tenho a impressão de que quem leu o livro do Nelson Motta pode se decepcionar. Mas eu não li e curti.)


O pequeno fugitivo - Filme de 1953 que ficou perdido até agora, mas enfim estreou nos cinemas. E que bom que estreou: a história do menino Lennie, que vaga cheio de culpa por Coney Island, é uma delícia.


Made in China - Há uns anos, visitei uma sinagoga histórica do Lower East End, em Manhattan. O templo tinha sido construído em pleno bairro judeu, mas o bairro havia mudado bastante: havia chineses e letreiros em chineses por todos os lugares. Sobravam poucos indícios de que um dia aquela região tinha sido ocupada por judeus. A sinagoga estava perdida ali.


- Isto aqui virou Chinatown. Mas o que se vai fazer? - perguntou-me a guia da visita, resignada. - Nos dias de hoje, o mundo é uma grande Chinatown.


Lembrei dessa historinha vendo o filme do Estevão Ciavatta, estrelado por Regina Casé: uma comédia sobre a transformação do Saara carioca em Chinatown. É um filme bem popular, na pegada do que Regina Casé vem fazendo, e que eu acho interessantíssimo. Umas piadas que se repetem demais pro meu gosto, mas só isso me incomoda. E nem incomoda tanto: o tema é bacana demais pra eu me apegar a detalhes.


A farra do Circo - Um documentário sobre o Circo Voador feito apenas com imagens da época. Fui ver por interesse na contracultura do Circo. Mas foi outra coisa que me conquistou. É que, nos anos 80, o vídeo se massificou. Ter uma câmera se tornou relativamente fácil e barato, e não era mais preciso passar por um laboratório para revelar. O audiovisual perdeu de uma tacada só os pudores e a pompa. A farra do Circo se aproveita dessa transformação histórica, e da abundância de imagens que foi gerada por esse movimento.


Libertem Angela Davis - Mulher e negra, Angela Davis foi perseguida, perdeu o emprego e se tornou entrou na lista dos 10 mais procurados do FBI por defender os direitos civis de, veja só, negros. Um primor de documentário.

Bem-vindo a Nova York - Abel Ferrara faz um filme baseado na história do executivo do FMI que é acusado de estuprar uma camareira em NY. Ferrara pesa a mão (e Depardieu o acompanha com virulência), mas ainda deixa a dúvida: será que a realidade não foi ainda mais dura?

Nos próximos dias, volto com uma lista dos filmes que vi na Mostra, e outros que vi nas férias.

Pra ler sobre os filmes anteriores, é só ir no link.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Pelo voto nulo

1. É mentira que voto nulo é igual a se abster de uma escolha. Voto nulo é dizer que você não concorda com nada disso que está aí. Também é uma escolha. Isso é óbvio. Mas não parece.


2. É mentira que o voto nulo é uma saída fácil. Até pode ser. Mas até aí escolher entre Dilma ou Aécio também pode ser uma saída fácil e impensada. Inclusive, pros meus parâmetros, a virulenta paixão pelos candidatos têm mostrado que é bem cômodo simplesmente odiar um lado e escolher o outro. E digo mais: o clima de torcida destas eleições tem transformado qualquer escolha em uma escolha burra. Só depende do ângulo que se vê.


3. De qualquer maneira, votar é uma obrigação, mas a escolha é de cada um. A pessoa tem direito em votar em quem quiser, como quiser e com o nível de reflexão que quiser. (O cenário bélico destas eleições cria em mim uma tendência de simpatizar com o voto dos bobos, dos inocentes, dos avoados, dos que se deixam levar pelo coração.)


4. Vi muitos amigos que falaram muitíssimo mal de um candidato no primeiro turno virarem a casaca e passarem a apoiá-lo. É um direito. Cada um é livre pra fazer o que quiser. Mas, nessa, não contem comigo. Amigos: eu lembro do que vocês disseram sobre os candidatos que vocês adotaram.


5. Cada voto é um aval. Quando o próximo presidente mandar bater em manifestante, matar índio ou desmatar a Amazônia, ele vai bradar que teve X milhões de votos. São esses votos que vão legitimar os transgênicos, a condução desastrada da economia, o desprezo pelos direitos humanos, o estímulo desenfreado a setores ultrapassados da economia. Cada voto a mais é um avalzinho a mais pro horror. Bem pequeno. Mas é. O voto nulo diz: "não ao horror".


6. Dadas as opções, não vejo alternativa ao horror. Não acredito em "menos horror" nem em "mais horror". Não acredito em dar aval a "menos horror". Horror é horror, merece apenas repúdio.


7. Não acredito em candidato perfeito, o que significaria anular pra sempre, como uma regra. Mas acredito em candidato razoável, em candidato OK, em candidato que dá pra engolir. No primeiro turno, eu vi uma pequena porção de candidatos razoáveis. Não teria anulado. Mas acredito em limite para o que posso tolerar. Quero ter o direito de dizer que os candidatos do segundo turno estão além do meu limite de tolerância, e quero que outras pessoas possam dizer o mesmo sem serem perseguidas ou chamadas de covardes, direta ou indiretamente.


8. Sei que, neste contexto de virulência e torcida, o discurso a favor do voto nulo é frágil. O voto nulo não tem equipe de marketing, não tem time de social media. Também não tem representante no debate, não dá entrevistana TV, não tem adesivo nem cavalete de rua. (Por isso mesmo, é um discurso mais forte: é um discurso sobrevivente.)

9. Fala-se muito do porquê escolher um candidato, e pouco sobre dizer "não". Temos que aprender a dizer mais "não". A não apoiar, a não dar aval. Por isso, defendo o voto nulo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

No cinema (9)

Tenho uma amiga que diz que, quando vejo um filme ruim, o meu humor piora por dias. E que um filme bom me deixa feliz, animado. Pode ser uma tragédia, não faz mal: se gosto do filme, fico feliz. Fiquei felizão quando vi O Anticristo. Her me deixa irritado até hoje só de pensar.

De tempos em tempos, tenho feito essas listas, e agora percebo que, acima de tudo, são de filmes que me deixaram feliz.

Aí vai mais uma leva:

Magia ao luar - Estamos em 2014. Ainda precisa falar que Woody Allen é sempre bom? Sério, se você não gosta, é melhor rever sua vida. Toda ela. Você tem problemas.



Amantes eternos - Um filme de vampiros de Jim Jarmusch cheio de piadas com referências litero-culturais. Com Tilda, Mia e Kit. Pra melhorar, só se eu ainda tivesse 17 anos.

Hélio Oiticica - Estava pra ver desde o Festival de Berlim do ano passado, mas todas as sessões ou estavam esgotadas ou coincidiam com sessões que eu já tinha – e tive a impressão de que uma hora teria que estrear no Brasil. Demorou, mas chegou, e valeu a pena: que retrato inspirador, que imenso artista que Oiticica foi.



O enigma chinês - Eu pirei com O albergue espanhol, na época. Bonecas russas não me pegou. Não revi nenhum dos dois, não me preparei para o desfecho. Mas O enigma chinês foi trazendo todos os filmes de volta, e eu me encantei, e saí feliz.

Quando tiver mais uns filmes pra comentar, volto aqui.

Os filmes anteriores, com alguns que seguem em cartaz, estão aqui.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

No cinema (8)

Parece que vem aí uma leva de ótimos filmes. Woody Allen, Jim Jarmusch... Antes de eles chegarem, separei uns filmes legais que vi no cinema pra comentar rapidinho aqui. Como sempre, só falo dos legais:



O mercado de notícias - A partir de uma peça de Ben Jonson sobre uma agência de notícias – impressionantemente contemporânea –, o diretor Jorge Furtado faz um documentário em que avalia o status do jornalismo no Brasil. Destaque para o monumental caso do Picasso do INSS. Vale também fuçar o site, que complementa o filme.




Amar, beber e cantar - O último filme de Alain Resnais. É tão plenamente bom que parte o coração de não podermos ver o que viria depois disso. Ao mesmo tempo, que linda despedida que é.

O melhor lance - Gostei mais depois que escrevi o texto pro Eh,Già!

Sobrevivente - Um filme is-lan-dês. Não é todo dia, hein? É baseado na história real de um pescador que naufraga, fica horas no mar gelado à toa e sobrevive à experiência.



O homem das multidões - Marcelo Gomes e Cao Guimarães fizeram um filme lindo sobre esse sujeito que é o homem mineiro urbano contemporâneo. Que grandes personagens são Juvenal e Margo. Não vou me cansar de dizer: um cinema que produz O homem das multidões, Riocorrente e Praia do Futuro no mesmo ano é um cinema maduro, por mais que uns e outros ainda façam cara feia.


Tem mais filmes nos posts anteriores:

No cinema (1 a 4)
No cinema 5
No cinema 6
No cinema 7

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Nota rápida sobre o dia de ontem



Em 4 de janeiro de 1966, o artista conceitual japonês On Kawara pintou o quadro acima, e desde então, criou a série Date paintings, em que pintou datas, num trabalho tão obsessivo quanto meditativo, um exemplo emocionante de dedicação a um processo. On Kawara pintava aos domingos. Se não conseguia acabar a pintura no dia em que começou, On Kawara a destruía. Ao longo dos anos, pequenas mudanças foram se tornando perceptíveis: a cor (predominantemente tons de cinza), a fonte, a inclusão ou não de pontos, espaços, vírgulas. Há também variações geográficas, com a posição dos elementos de acordo com a cultura em que o quadro é pintado.


On Kawara também tem uma série em que envia postais carimbados com a hora em que acordou (53 deles, endereçados ao colecionador Sylvio Perlstein, estão agora no Masp, junto com duas pinturas de data, na exposição temporária A inusitada). De forma permanente e ampla, há uma grande coleção de datas no Dia:Beacon, um museu importantíssimo que fica no subúrbio de Nova York. É emocionante.

Em telegramas, On Kawara avisava aos amigos: I'M STILL ALIVE.

Nesta quinta, soubemos da morte de On Kawara.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

No cinema (7)

Mais uma vez, separei uns filmes legais que vi no cinema pra comentar rapidinho aqui. Só dois, desta vez. Até que fui bastantes vezes ao cinema, mas acho que dei azar, ou a temporada tá fraca mesmo. O fato é que vi coisas desanimadoras. Mesmo assim, algumas pessoas me dizem que essas listas têm sido útil pra elas. Então sigo.




Grande Hotel Budapeste - Wes Anderson sendo Wes Anderson. No começo, achei que não ia rolar. Não só porque a sessão em que fui estava cheia de gente incapaz de ficar quieta. Fiquei com preguiça daquela estetização toda do Wes Anderson. Mas aí a historinha do hotel fluiu. O filme me pegou.

A montanha Matterhorn - Um cara solitário encontra um cara estranho, que não fala quase nada, só imita uns bichos. Eles acabam se aproximando. Mais um bom filme holandês que chega por aqui este ano.

Com o fim da Copa, espero que essa temporada se renove. De qualquer forma, na semana que vem já tem retrospectiva do Sam Peckinpah no Cinesesc. E, pra quem passou um mês vendo jogo, tem mais dicas nos posts anteriores:

No cinema (1 a 4)
No cinema 5
No cinema 6

sábado, 21 de junho de 2014

No cinema (6)

De novo, separei uns filmes legais que vi no cinema pra comentar rapidinho aqui e, por tabela, recomendar. Vai que alguém cansou de Copa e quer ver um filme no fim de semana...



* Jogo das decapitações - O novo do Sergio Bianchi. Complicadíssimo, com muitas ideias para serem debatidas. Claramente não há opção à direita, e a esquerda ficou muito complicada. Eu mesmo acho complicadíssima a ideia presente de que as vítimas da ditadura são oportunistas que se deram bem. Sabe-se que não é assim, ou não é só assim. O Luiz Zanin Oricchio escreveu no Estadão que é capaz que a direita goste. Acho difícil. Também me incomoda que o filme tenha um tom de discurso moral. Ao mesmo tempo, tem o artista, Jairo Mendes, pai do protagonista, que se deu mal na ditadura. Aí há uma ideia de que a arte, ao menos, pode contestar e se salvar, mas que o verdadeiro artista libertário está sozinho e se perde. Como Riocorrente (que comentei há uns dias), Jogo das decapitações também captou no ar coisas que ainda viriam a acontecer depois das filmagens – manifestações e linchamentos inclusive. Enfim, tem um monte de coisas para discutir nesse filme do Bianchi, mas o xadrez político virou fla-flu e não parece que há clima para essas discussões. Vão abafar esse filme. Vão vendo.

* Coração de Leão - León é um cara com problema de crescimento. Tem 1,40 m, se a memória não me trai. Mas é sedutor, e atrai uma mina que fica toda ressabiada de sair com um cara mais baixo. Quando começou, achei que tinha caído numa roubada da temporada de Copa. Mas o filme me pegou, mesmo a mim, que não caio fácil por comédias. Poderia ser um filminho politicamente correto, talvez até seja, mas é convincente. Mais: é encantador. Em tempos de efeitos especiais computadorizados, o jogo de câmeras pra fazer o ator encolher é notadamente artificial, porque cinema é ilusão. Lembrou muito L'homme à la tête de caoutchouc, do Méliès. Depois de assistir, vejam se não é exatamente isso:


* Vic + Flo viram um urso - Vic saiu da prisão e foi ficar na casa de um tio entrevado. Flo é uma ex-criminosa que vai morar com ela numa cabana no meio do mato, perto de uma cidadezinha que leva todo jeito de ser a Twin Peaks francesa. Denis Côté levou o Urso de Prata em Berlim.

* Antes do inverno - Um neurocirurgião casado começa a receber flores. Seu casamento está em crise. Sua mulher e seu melhor amigo flertam. Aparece uma garota. Envelhecer não é mole. Mesmo na França.

* Dominguinhos - Um documentário feito quase que só com cenas de arquivo. Bonito, sensível.

* O menino e o mundo - Enrolei muito pra ver. Vi agora, empurrado pelo fato de que ganhou o Festival de Annecy. Tenho a impressão de que quem gosta de desenho pira, seja animado ou não.

Mais filmes nos posts anteriores:
No cinema (1 a 4)
No cinema 5

domingo, 15 de junho de 2014

No cinema (5)

Exceto em jogos do Brasil, os cinemas não param de funcionar durante a Copa. Mas ficam mais vazios, e as distribuidoras lançam filmes com menos marketing – mas não necessariamente menos qualidade. Há, por exemplo, uma quantidade de documentários em cartaz que é coisa rara de se ver.

A última Copa que acompanhei tinha o Naranjito como mascote, e acho que só acompanhei os desenhos animados do Naranjito mesmo. Então estou curtindo bastante esta temporada mais amena no cinema.

Acho que já tem filme bom o suficiente pra fazer uma quinta lista de filmes legais que vi no cinema (as anteriores eu publiquei no Facebook e compilei aqui):


Transmedia storytelling: stencil ao lado de um cinema que passa Riocorrente

* Riocorrente - Há uns meses, saquei uma coisa do ato de retratar no desenho ou na pintura: o retratista revela defeitos que o retratado sabe que tem (ou que acha que tem, pois só ele atribui como defeito), mas finge que ninguém mais pode ver. Pode ser uma pinta, uma papada, o formato do rosto. A fotografia, por sua natureza, digamos, realista, segue iludindo o retratado. Com a intermediação do filme, pode parecer que o tal defeito passou batido pelo fotógrafo (mas certamente não passou, lembre-se de que estamos falando apenas do delírio do retratado). Num desenho ou numa pintura, a mediação humana é evidente: alguém desenhou / pintou aquele defeito, portanto, viu.

Recuperei essa ideia porque Paulo Sacramento (O prisioneiro da grade de ferro) fez de Riocorrente um poderoso retrato de São Paulo. E é um retrato como um desenho, como uma pintura. Mesmo sendo filme. Sacramento escolhe mostrar o Tietê. E o cara pobre sufocado pela falta de alternativas. E o crack. E a arte escondida nos cemitérios. E o clima das manifestações. É um retrato que os moradores de São Paulo talvez não gostem de ver. Quem acha que a cidade é perfeita vai se incomodar. Como bem definiu meu amigo Marcos Carlini: é desconsertante.

* O lobo atrás da porta - Quando escrevi sobre Praia do futuro, falei dessa ideia de que eu cresci num país que ou só fazia "filme ruim" ou, mais tarde, simplesmente não fazia filmes. E disse que era muito incrível viver agora num país que tinha o Karim Aÿnouz. O que eu não sabia é que teria ainda Riocorrente e este O lobo atrás da porta em cartaz simultaneamente com Praia do Futuro. Que alegria imensa ver uma coisa dessas. Que momento!

O filme do Fernando Coimbra é, digamos, um thriller conjugal: a filhinha do casal é levada por uma estranha na saída da creche, e o mistério só será resolvido quando o delegado fuçar na relação deles. Digamos: de certa forma, é uma versão dark de Nelson Rodrigues.

* Que estranho chamar-se Federico - O grande Ettore Scola estava aposentado, mas interrompeu seu descanso para fazer uma homenagem a seu amigo Fellini. Há cenas com atores recontando a vida dos dois misturadas com desenhos e trechos de filmes. Acho que classificam como documentário, mas eu partiria pra uma nova definição: é uma memória. (Escrevi sobre pro Eh,Già!, mas ainda não saiu. Está aqui.)

Mr. May

* Uma vida comum - Não sei por que traduziram assim. Still life, o título original, quer dizer "natureza morta", e tem muito mais a ver com a história de Mr. May, um dedicado funcionário público londrino encarregado de cuidar da morte de pessoas que não têm ninguém. Até porque há umas naturezas mortas espalhadas ao longo de todo o longa. É um pequeno grande filme, de sair da sessão abalado. (Vou escrever sobre pro Eh,Già! também.)

Mengele e Wakolda
* O médico alemão - Vivendo escondido no sul da Argentina, o cientista nazista Mengele se encanta com uma argentininha chamada Wakolda, que tem problemas de crescimento. E começa a fazer experimentos com ela e com sua família. É uma espécie de Lolita com doses cavalares de demência.

* Amazônia eterna - Ainda não é o grande documentário sobre a Amazônia (que está pra ser lançado), e sim um documentário mais focado na economia sustentável da floresta, que parte da interessante ideia de que a melhor forma de preservá-la no mundo atual é fazendo com que ela renda dinheiro.

* Tim Lopes - Histórias de Arcanjo - Outro documentário. Mostra Bruno Quintella em busca do pai, o jornalista Tim Lopes. Acho que especialmente os jornalistas vão curtir.

* Junho - É o documentário da TV Folha. Eu até esperava menos: achei bem amarrado, sem se esquivar da covardia da própria Folha em condenar os protestos e abrir espaço pra PM trucidar há um ano. O maior problema do filme está fora dele: parece que nós é que esquecemos de junho do ano passado.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Exposições para levar / recomendar a estrangeiros

Já vi acontecer algumas vezes: um estrangeiro chega ao Brasil, e aí o paulistano, cheio de orgulho, leva-o ao Masp.
Nada contra o Masp, pelo contrário. Vou sempre. Mas o Masp é um museu muito calcado em coleções europeias e norte-americanas. É tímido pra quem tem um Metropolitan, um Louvre ou um Prado por perto. O turista é cordial, fica feliz pela atenção, agradece.
Claro que estou generalizando, e há turistas que não são de cidades grandes e outros que são de países que não têm um Masp e nunca puderam ir a um museu etc. Ou tem um cara que é fanático por Renoir ou Van Gogh ou Turner (exemplo: hipoteticamente, eu iria no Masp, sim). Mas enfim: de forma geral, há opções que me parecem mais interessantes pra levar um turista, ou mesmo pra recomendar. Até porque, em época de Copa, um turista não tem tempo nem disposição de ir a muitos museus.
Separei algumas exposições que vi em São Paulo como sugestões:
foto roubada do site do mam
* A vontade construtiva na coleção Fadel, no MAM-SP - Essa eu acho a mais legal. Tem modernistas, tem concretistas, neoconcretistas, formalistas. Ninguém concorda com ninguém. A briga por quem trouxe realmente o modernismo pro Brasil é travada ali a tapa, a chute, com dedo no olho. Não tem tudo, mas tem tudo o que precisa pra entender a dinâmica da arte no Brasil no século passado. Mas provavelmente você vai precisar dar uma ajudinha.
* Transarquitetônica, de Henrique Oliveira + Vânia Mignone + acervo, no MAC-USP (no prédio em que era o Detran) - Acho que esse trabalho do Henrique Oliveira rende bastante pra um estrangeiro. A pintura da Vânia Mignone eu curto demais. E o acervo tá com coisas boas, como o Hudinilson Jr., Leon Ferrari, Volpi... Eu já tinha ido no novo MAC duas vezes (e mais uma em que tava faltando luz), mas agora tem mais andares preenchidos, e tá bem interessante. Mesmo pra quem mora em SP, tá merecendo uma visita atenta.

Boltanski, foto roubada por mim mesmo
* Boltanski 19 924 458 +/-, de Christian Boltanski, no Sesc Pompeia - É a mais paulistana de todas (e já ia me esquecendo dela). Num dos galpões da Lina, prédios feitos com caixas, mais sons e rios não deixam dúvida: o artista recriou São Paulo.

* Um trágico nos trópicos, de Iberê Camargo, no CCBB - Esse eu tinha até esquecido, mas a Lili lembrou nos comentários. Eu, meio como todo mundo de Porto Alegre, é meio habituado a ver muito Iberê com frequência. É incrível ver Iberê fora de lá: ao ver as pessoas fascinadas, nos lembramos do nosso próprio fascínio perdido.

Selfie roubadíssima no Miguel Rio Branco
* Teoria da cor, de Miguel Rio Branco, na Estação Pinacoteca - Miguel nasceu na Espanha, mas é brasileiro. É um imenso fotógrafo. Esta exposição é uma retrospectiva que parte do seu uso de cores. Tem obras antigas, outras mais novas, algumas que estão no pavilhão dedicado a ele em Inhotim. Aproveite e já emende com o acervo da Estação Pinacoteca e com o da própria Pinacoteca (e de uma olhadinha no Grupo Zero, que já estando lá não custa).
E mais:
* Se o cara tá em Porto Alegre, tem umas dicas aqui.
* Se ele vai pra BH, tem Inhotim.
* Indicando sem ter visto: Richard Serra no IMS do Rio, com a casa modernista totalmente recuperada pra abrigar os desenhos do Serra.
* Em São Paulo, ainda vai abrir a exposição dOsgemeos.

Se quiser deixar dicas, os comentários tão aí pra isso.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Cinco exposições em Porto Alegre

Post que escrevi no Facebook há duas semanas. Dentro do possível, atualizei pro blog, mas não mexi muito, pra ficar como registro.

Amigos de Porto Alegre eventualmente reclamam que as coisas de que falo aqui nem sempre servem, que vários filmes que comento nunca estreiam nos cinemas de lá, que não é fácil vir pra São Paulo toda hora. Pois vou aproveitar que Porto Alegre está com uma agenda de exposições absolutamente incrível pra compensar as reclamações.

Jailton Moreira, Rotação
1) Percevejo, de Jailton Moreira, no glorioso Museu do Trabalho
Vou começar pela mais complicada, porque, pra resumir, gosto demais do Jailton e sou muito grato a ele por coisas que vão de orientações a respeito de Ticianos do começo da carreira em um refeitório de uma igreja em Padova até dicas de sabores de tramezzini. E aí eu poderia dizer "descontem", mas nesse caso não vale. O Jailton é um cara que usa o mundo como atelier, então me parece que tanto os Ticianos quanto os tramezzini fazem parte desse processo de criação, que depois é editado (uma palavra bem feliz que surgiu num debate sobre a exposição que rolou sábado. Eu não sei como definir e, na verdade, não tenho o menor interesse em definir o que tem na exposição. Só quero dizer que é comovente.

2) O tamanho do mundo, de Vik Muniz (curadoria de Lígia Canongia), no Santander Cultural.
Eu gosto do Vik Muniz. É verdade que já tive mais entusiasmo com o trabalho dele. Hoje, me incomoda que, depois de entender a sacada, eu não tenha muito pra onde ir na obra. Deve ser a velhice. Mas ainda assim essa é uma grande exposição. Tem bastantes trabalhos novos - e me encanta especialmente a série de castelos de areia. E tem trabalhos antigos - entre eles, Cloud Cloud, primeiro trabalho de Muniz que conheci, em um programa de TV da época, e que continuo achando arrebatador.

3) Ensaio sobre a Dávida, de Nuno Ramos (curadoria de Alberto Tassinari), na Fundação Iberê Camargo

Dois filmes - Dádiva 1 - copod'águaporvioloncelo e Dádiva 2 - cavaloporPierrô - falam sobre a dádiva no sentido proposto por Marcel Mauss, em que as trocas ocorrem em um sistema sem valor monetário, e portanto trocar um copo d'água por um violoncelo ou um cavalo por um pierrô são atitudes absolutamente cabíveis. Achei bom demais. Bom demais mesmo.


Em tempo: as outras duas exposições que estão na Fundação valem muito a pena.


EXPOSIÇÕES QUE FECHARAM ANTES DE EU PUBLICAR ESTE TEXTO NO BLOG:

4) A força do tempo, de Ricardo Chaves, na Casa De Cultura Mario Quintana
O Kadão é editor de fotografia da Zero Hora. Trabalhei com ele lá. É um imenso fotógrafo: era certo que, se ele entrava no jogo, a foto seria um acontecimento. Ver esse trabalho reunido é bastante impressionante. Por conta da qualidade do seu trabalho no fotojornalismo, Kadão estava nos lugares que importavam. E, às vezes, em ocasiões ainda mais especiais, fez os lugares em que estava se tornarem importantes.

5) Território da Folha - Paisagens de Teresa Poester (curadoria de Eduardo Veras), no MACRS (que fica na CCMQ)
O Edu Veras também trabalhou comigo na ZH. Se trabalhar numa redação é legal pelas pessoas em volta, o Edu era uma das pessoas que fazia o trabalho valer a pena. Nos encontramos por acaso na exposição do Jailton, e ele me contou que tinha feito essa curadoria da Teresa Poester pro MAC. Só trabalhos com paisagens, de várias fases, de muitos anos. Corri pra ver. Eu não lembrava direito do trabalho da Teresa, tinha mais uma lembrança meio amorfa. Desta vez, os trabalhos bateram com uma força imensa. Ainda vou ver o que vai sair daí.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Filmes no Netflix

Já faz uns meses que eu fiz uma pequena lista de filmes não-óbvios para se ver no Netflix. Era uma seleção bem simples, mas rendeu bastante. Até hoje, me pedem mais. Mas é aquilo: uma lista dessas só funciona se torna possível depois que se vê bastantes filmes, então leva um tempo pra renovar o estoque de assunto. Até porque a ideia não é recomendar O lobo de Wall Street – é óbvio que é pra ver, não preciso dizer isso pra ninguém. Mas acho que agora tenho um conjunto interessante:

* Dear Mr. Watterson - Bill Watterson, criador de Calvin & Haroldo, é um cartunista recluso. Sempre evitou imprensa. Queria que seu trabalho falasse por si. Este documentário persegue Watterson respeitosamente, indo atrás das informações públicas a respeito dele, sem nunca abordá-lo. (Este ano, Watterson saiu um pouco da toca. Entre outras coisas, deu uma entrevista em áudio pro documentário Stripped. Mas, na boa, Dear Mr. Watterson é melhor.)

* Good Ol'Freda - Freda foi a secretária dos Beatles (e coordenadora do fã-clube) ao longo de toda a carreira da banda. Neste documentário, essa mulher que é uma figura abre seu coração pela primeira vez. É um barato.

* A Thirsty World - Falta água no mundo, não só na Cantareira. Este documentário é sobre isso. Tem muita coisa que eu não sabia. Por exemplo, em 2008, acabou a água de Barcelona.



* Interior. Leather Bar. - Diz a lenda que o filme Cruising, aqui conhecido como Parceiros da Noite, teve 40 minutos de cenas de sexo sadomasô gay cortadas entre sua estreia no Festival de Berlim e sua estreia comercial. James Franco, quem mais?, resolve refilmar esses devassos 40 minutos perdidos em um documentário maravilhoso. Sinceramente? Eu programaria pra ver com uma sessão dupla de Cruising – que não tem no Netflix, mas tem num DVD da Lume.

* Habemus Papam - Uma hora dessas tenho que escrever sobre esse filme do Nanni Moretti pro Eh,Già!. Mas, com um papa como esse picareta do Francisco pagando de diretor de marketing do Vaticano, melhor nem esperar pra ver.



* Carlos - É uma série de TV baseada em fatos reais (mas não muito, porque os fatos disponíveis eram poucos e obscuros) com apenas três episódios sobre um terrorista venezuelano que atacou a OPEP em plenos anos 70. Os três são dirigidos pelo Olivier Assayas (do maravilhoso Depois de Maio). É uma das melhores coisas já produzidas pra TV. É um dos melhores filmes do Netflix. Não tem nada melhor nesta lista.

* Sleeping Beauty - Uma mocinha bonita é paga pra dormir sedada na companhia de homens. Filme adorável. Passou meio batido nos cinemas aqui.

* Terms and conditions may apply - Um documentário fascinante sobre os contratos de uso de sites como o Google e o Facebook (onde esta lista está hospedada) e o quanto nós abrimos nossos dados até mesmo à NSA ao aceitá-los.

* Blackfish - Documentário sobre maltratos a orcas no Sea World – e as mortes de humanos que são decorrentes desses maltratos.

* Tales of the Night - Animação linda, linda, linda. Pra quem tem criança e espera que elas vejam algo decente. Ou pra quem quer ver um filme lindo.

terça-feira, 3 de junho de 2014

No cinema (1 a 4)

Na época do Oscar, comecei a fazer uns comentários de filmes no Facebook. De tempos em tempos, faço uma lista de uns filmes bons que vi no cinema. Mas no Facebook as coisas de perdem. Resolvi trazer também pra cá. Nesta primeira vez, a lista tá editada, arrumadinha em ordem alfabética, com link pra comprar o DVD quando tiver... Ainda tem uns cacos deixadas pelo passar do tempo, mas enfim, vai ficar assim.

Tenho achado que o Facebook é legal pra postar esses textinhos porque rola uma discussão que não tenho mais esperança que rolem nos comentários do blog. Então, se alguém quiser acompanhar e comentar lá, tá liberado. Não precisa ser amigo, é só seguir.


***




12 anos de escravidão - Eu gosto demais do Steve McQueen desde que ele fazia ~videoarte~.

A grande beleza - Jep Gambardella é o melhor guia de Roma, e ficamos por isso por enquanto. Escrevi sobre o filme mais demoradamente aqui.

Alemão - Acho que 75% do filme é filmado num caixote. Não deve ter custado caro, mas nem dá pra notar. É aquele tipo com potencial de blockbuster que é decente o suficiente pra você torcer pra que dê certo. E deu sorte / azar de a situação estar difícil de novo no Alemão.

Amante à domicílio - Woody Allen é um gigolô, John Turturro faz michê, meio que não tem como dar errado. E não dá.

Azul é a cor mais quente - Acho bem bonito, e tem uma fofura de Sessão da Tarde.


Blue Jasmine - Cito a Mari Messias, que nem lembra que falou isso: "Eu e o Woody All velho nos damos muito bem".

Caçadores de Obras-Primas - Divertido demais, especialmente se você se importa com o destino de obras-primas durante a guerra.


Capitão América 2 - O Soldado Invernal - Tentaram me dizer que era tipo um filme de espionagem dos anos 70. Fui achando que veria o Tinker Tailor Soldier Spy da Marvel. Não é nada disso. Mas é um filminho de super-heróis divertido. Tem lá suas bobagens. Tá longe até de ser o melhor do gênero (Batman - O Retorno segue imbatível), mas é dos melhores dessa leva da Marvel, e merece uma mençãozinha.

Godzilla - Muita gente adorou. Mais que isso: pessoas com quem eu tenho afinidade pra gosto pra filme adoraram. Eu achei que tem seu charme. É bacana a coisa toda estar ligada a esse zeitgeist Fukushima. Tem a Juliette Binoche sendo incrível. Por isso que eu ponho aqui. Mas aquele lance de o rapaz coincidentemente estar sempre perto dos monstros é forçado demais. Estraga tudo. Dava pra resolver de um milhão de jeitos, mas ficou esse aí, meio chinfrim.

Gloria - Sobre essa mulher de uns 50 anos que vive a vida, não cai no papel de velha, e que é uma realidade cada vez mais comum.





Heli - A violência no México rendeu um filme que, no ano passado, deu a Amat Escalante o prêmio de melhor diretor em Cannes. Mostra a confusão entre polícia e narcotráfico, no sentido de que com um Estado fraco essas fronteiras se confundem. É uma história pesada, claro. Que se passa no México, mas deixa uma impressão de que pode estar acontecendo agora mesmo aqui em São Paulo, no Rio ou em qualquer periferia de grande cidade.

Hoje eu quero voltar sozinho - Na contramão de tudo, correndo o risco de ser achincalhado, eu pego no pé de alguns filmes rotulados de "gays" que acabam sendo comédias românticas ou melodramas ruins, mas que, por terem personagens gays, ganham automaticamente ganham um verniz de revolucionárias. Tá cheio de filme assim. Mas Hoje eu quero voltar sozinho, ainda bem, não tem nada a ver com esses filmes aí. Mesmo que seja uma comédia romântica adolescente, ou talvez porque seja uma bela comédia romântica adolescente. Num mundo melhor que o nosso, faria da Sessão da Tarde uma festa. Todo o auê em torno do filme está justificado.




Hotel Mekong - Demorou, mas chegou. O novo filme do Apichatpong Weerasethakul tinha passado no Festival do Rio de 2012 e eu nem tinha mais esperanças que entrasse em cartaz por aqui. Mas entrou. E é maravilhoso. Talvez seja o filme mais incrível em cartaz.

Os personagens estão nesse hotel na beira do rio Mekong, que está passando por uma enchente grande, devastadora. O governo está tentando remediar, mas é meio patético (todo governo é meio patético). Tem o fantasma de Pob, que come tripas. E tem a música de Chai Bathana, toda no violão, uma trilha linda que percorre quase todo o filme, acho que tem só uma interrupçãozinha.

O filme segue o tempo da enchente, e isso me emocionou bastante: a enchente é real, e o tempo de duração das filmagens é o tempo em que o rio esteve cheio. Só consigo imaginar o que é restringir o tempo de filmagens ao tempo de uma inundação.

(Como única ressalva, fiquei meio traumatizado por ter recomendado o Apichatpong anterior, Tio Boonmee. Muita gente adorou, mas alguns amigos acharam terrivelmente chato e nunca vão me perdoar pela indicação.)


Inside Llewyn Davis - Esse é um dos filmes que justifica esta lista: não sei se as pessoas estão se dando conta que estão perdendo um filme desses.





Instinto Materno - Resolvi escrever hoje porque esse é um filme que está quase saindo de cartaz, e merece muito ser visto. Trata-se do romeno que ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim no ano passado. Passou batido. Desde a semana passada, vem sobrevivendo em sessões esparsas e esquisitíssimas em alguns dias da semana em alguns Cinemarks menos cotados. Ao menos em São Paulo. É a história de um rapaz rico que atropela e mata um menino pobre, e especialmente da mãe do rapaz, uma dondoca que vai fazer de tudo para proteger seu filho, mesmo que isso signifique comprar a família do menino morto. Um petardo. Simples e profundamente original.

Jackie - Não sei se ainda tá passando nos cinemas ainda. De São Paulo, saiu. Mas é um filminho holandês divertido, leve e surpreendente sobre duas irmãs holandesas que vão em busca da americana que serviu de barriga de aluguel pros pais gays. Chegam lá e encontram uma hippie loucona que mora num trailer e está toda zuada. E partem com ela por uma viagem pelo deserto.

Marina - É uma cinebiografia do cantor Rocco Granta, que fez sucesso com músicas italianas na Bélgica. Eu tenho pé atrás com biografias, mas fui ver e achei bem decente. Escrevi sobre ele aqui.

Nebraska - Aquele lance coxinha no Hawaii que foi Os descendentes me tirou toda a vontade de ver outro filme do Payne. Mas ainda bem que fui.

Ninfomaníaca v. 1 e v. 2 - O 2 é mais extremo que o 1. E acho que o conjunto pode mudar a percepção que parte do público tem a respeito de Von Trier. Mas eu queria mesmo é que o sucesso dos dois justificasse a exibição da versão hardcore de cinco horas.


Noé - O filme só é fiel à Bíblia na visão de Aronofsky. Por exemplo: a Bíblia diz que existiam gigantes na Terra; Aronofsky nos dá anjos transformers deformados de pedra. A Bíblia diz que Deus falou com Noé; o filme mostra Noé como um fanático religioso que tem alucinações psicotrópicas e delírios darwinistas. Muita gente não gosta, mas Aronofsky é um maneirista, e eu curti demais. Inclusive peço que me ajudem: vocês também ficaram com a impressão de que o Aronofsky usou as distorções da conversão em 3D pra distorcer o próprio Noé na medida em que ele vai ficando mais loucão?



O Congresso Futurista - Uns anos atrás, Ari Folman fez algum sucesso com a animação Valsa com Bashir. Pois bem: O Congresso Futurista é muito mais legal. É sobre o fim do cinema, sobre envelhecimento, tecnologia. Uma parte do filme é com atores. Outra, com animação. Acho que é um daqueles filmes que a gente fica falando deles pra sempre, mesmo que não se dê muita bola agora.

O Grande Mestre - Esse eu vi na Mostra, mas acabou estreando só agora. O filme conta a história de Yip Man, popularmente conhecido como ~ o mestre de Bruce Lee ~. Não é o primeiro filme sobre ele. Tem até uma série chamada Yip Man que é divertida. Mas esse novo é do Wong Kar-Wai, que pesa um pouco a mão (ou era eu que já tava com o peso da Mostra?), mas acaba fazendo um belo filme. Em tempo: mal entrou em cartaz e já tá saindo. Se liguem.

O Lobo de Wall Street - Scorsese transloucado. E isso é bom. (PS: tá no Netflix.)



Os filhos do padre - Uma comédia croata impagável. Decidido que contracepção é pecado, um padre bola um plano de furar todas as camisinhas da cidade e devolver a fertilização às mãos de Deus.

Pelo malo - De partir o coração: na Venezuela, um menino pobre de marré deci tem, digamos, questões de gênero: uma queda pelo rapaz que trabalha na vendinha, vontade de alisar cabelo... A mãe acha um horror, quer que ele seja machinho, faz horrores pra não ter um filho gay. A avó delira: ajuda a alisar o cabelo, estimula a ser artista. Só desgraça.

Philomena - Bem bom! Como que a Judi Dench pode melhorar cada vez mais?

Praia do Futuro - Eu cresci num país que ~só fazia filme ruim~ (era o que eu ouvia nos tempos da Embrafilme, mesmo que hoje eu saiba que não era bem assim). Aí teve o Collor, que andam tentando redimir por aí como presidente, mas que simplesmente matou o cinema brasileiro. Depois disso tudo, ter um cara como o Karim Aïnuoz fazendo filme aqui é um acontecimento, é uma evolução brutal em pouquíssimos anos.

Então, na boa: que preguiça da polêmica toda. Que discussão rasa que tá rolando. O filme nem mesmo tem como foco esse relacionamento gay do Wagner Moura com o alemão. É sobre outras coisas, sobre família, sobre distância e, nesse sentido, tem muito mais a ver com outras coisas que o próprio Karim Aïnouz fez, inclusive o Viajo porque preciso, volto porque te amo (que é o título mais lindo do cinema brasileiro). É um filme gigante de um diretor gigante.

Rio 2 - Não tenho uma relação muito boa com animações feitas por computador. Mas achei Rio 2 incrivelmente colorido, principalmente nas cenas musicais. Por mim, podiam deixar de lado a historinha das araras e focar só nos clipes alucinantes.

Vidas ao Vento - O Harold Bloom tem um livro em que compila e analisa os últimos poemas de poetas, e fala sobre morte e uma certa sensibilidade para a morte que os poetas acabam desenvolvendo. Vidas ao Vento foi anunciado como o último de Hayao Miyazaki, e, a partir da leitura de Bloom, me parece que ele sabe que vai morrer.

***

Depois desses filmes, tenho sido perseguido por filmes meia boca. E esses eu ignoro. Essas listas são mais pra guiar quem quer ver filme bom do que pra resenhar.