sábado, 20 de agosto de 2011

Quando eu cresci


Quero fazer um alerta. É sobre uma história em quadrinhos chamada Quando eu cresci.

Essa HQ foi publicada no Brasil no mês passado pela Ática, que é uma editora imensa de livros didáticos, mas não tem uma força correspondente naquele clubinho que podemos chamar de, sei lá, circuito literário. Pra deixar claro: é quem está nesse meio que ganha destaque em resenhas em jornais e revistas, aparece nas vitrines de livrarias, é acompanhada com atenção pelos 837 brasileiros que leem. A culpa não é do tal circuito literário. A rigor, a Ática não tem um catálogo essencialmente instigante. Não que não tenha coisas boas: tem clássicos, tem infanto-juvenis de Marcos Rey e Pedro Bandeira, tem adaptações de clássicos para quadrinhos, tem antologias interessantes... Mas quase todo o catálogo, senão todo, é feito para outro ambiente: o da escola, dos professores, das vendas para alunos e para o governo. A roupagem paradidática acaba, a despeito do gigantismo, deixando-a em segundo plano quando sai desse meio. Nesse cenário, Quando eu cresci deve ser adotada por escolas, vendida pro governo, lida por milhares de crianças e adolescentes, e isso é fascinante.

Só que Quando eu cresci é uma das obras de ficção mais bonitas que li este ano. E, sendo da Ática, pode ser um pouco mais difícil de ter um contato com ela. Não estamos na escola, não somos professores, não temos contato com o catálogo da editora. Um dos reflexos disso é que, nas últimas semanas, não vi o livro em destaque nas livrarias. Nem nas lojas nem nos sites. Mas merecia.

De verdade: o trabalho de Pierre Paquet e Tony Sandoval não deveria ficar perdido nessa massaroca de paradidáticos.

É um álbum muito bonito, com uma arte poderosíssima, como o quadro que colei acima apenas sugere. Fala sobre um garoto de 11 anos, Pepe, que vagueia por vários lugares diferentes, e em cada um deles encontra personagens diferentes. Como essa jornada é meio mágica, onírica, tenho pra mim que Pepe é primo do Pequeno Príncipe e de Alice. No subtexto dessa viagem descontrolada, algo maior está acontecendo: o fim da infância. Acabo de ler e já tenho ganas de reler. É lindo demais.

O texto original foi traduzido pela Carol Bensimon, uma jovem escritora de imenso talento, e por isso não posso nem dizer que me surpreendo ao deparar com fluidez e delicadeza. Há esse trecho, que não por acaso aparece na história no quadro que abre este post, que eu gostaria de reproduzir aqui. É sobre Pepe descobrindo o amor, e é dito por uma mocinha linda que ele encontra na jornada:

"Para começar: é verdade, você tem razão. Ninguém sabe por que nos apaixonamos.

Por outro lado, o amor é como um grande horizonte. Um dia você chega ao topo das montanhas e está apaixonado. Pouco importam os altos e baixos dos seus sentimentos em relação ao dono do seu coração, desde que ele continue no alto, vendo o horizonte de cima.

No entanto, no dia em que você desce a montanha e fica abaixo da linha do horizonte, seu amor nunca mais será o mesmo... O verdadeiro se apagou, até que haja um novo encontro..."

Talvez o mais frustrante de fazer um comentário rasteiro sobre um trabalho admirável é que não dá pra dar conta de toda a obra. Não quero aqui fazer uma crítica, não quero entrar nos pormenores e explorar os significados riquíssimos de cada cena de Quando eu cresci - prefiro deixar espaço pra que vocês leiam e então possamos fazer isso juntos no futuro.

Quero apenas reforçar a existência da história de Pepe, e avisar amigos e passantes de que vale a pena procurar por essa HQ, e fazer de tudo para não relegá-la apenas às leituras obrigatórias das escolas. Comprem, se precisarem, leiam e, se gostarem, como acho que vão gostar, recomendem aos amigos, emprestem, deem de presente.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Uau

Vi agora que foram dois posts em julho.

Memorável, não?

E agora? Voltaremos à falta de atualização habitual?