quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Alô, Chics

Li ontem todo o Alô, Chics que a minha querida sogra ganhou de Natal de seu irmão. Como fã de livros de etiqueta e civilidade, gosto que credito à queridíssima Célia Ribeiro, foi uma leitura de grande prazer.

Concordo com quase tudo, discordo de umas coisas* e aprendi uma grande regra de bom convívio que passarei a adotar doravante: só se pede emprestado aquilo que pode ser reposto caso estrague.

* A Gloria acha que homens sobem e descem escadas sempre à frente das senhoras, para impedir visões das pernas e da calcinha. Eu continuo fiel à vertente que prega homens descendo à frente, mas subindo atrás, para o caso de ter que servir de apoio se a senhora sofrer uma eventual queda.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Já tou indo...

Parece que o mundo todo está se decompondo. As ruas estão tensas, um inferno. Vejo pela janela cenas descritíveis, ainda que inverossímeis, então não valem a pena o trabalho. Imaginem, só imaginem, porque a imaginação é que liberta.

Bom Natal a todos, seja lá como isso for.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Inland Empire

Vamos começar por aí: não gosto da tradução que deram para Inland Empire no Brasil. Toco no assunto não por apego ao título original. Não é manha. Mas é que simplesmente não se tratam de sonhos, e sim do inconsciente, essa terra de dentro de nós, esse continente pouco explorado.

Ou não é esse o tema do trajeto de Nikki Grace -- e, de quebra, de tudo que eu vi do David Lynch? Porque posso estar louco, mas vejo lá claramente uma viagem destemida ao Império do Inconsciente, um mundo onde o Cabo das Tormentas não tem muitas chances de virar Cabo da Boa Esperança.

Nikki Grace descobre, enquanto faz seu filme, que o tempo-espaço é uma ilusão: o futuro não traz nada de novo, e sim uma soma do que ela foi com o que ela é. O que vem por aí nada mais é do que nós mesmos, do jeito que fomos forjados.

Ela se assusta com a idéia. É difícil lidar com essa epifania negra, pouco libertadora, que vai contra os ideais ocidentais a respeito do que é ser um homem. Não sobra muito espaço para liberdade, e a igualdade e a fraternidade viram balelas de um tempo em que se sufocou o indivíduo em nome de algum bem maior, seja ele qual for.

Por isso que os recursos técnicos de Lynch são tão marcantes desta vez: a câmera digital não grava contrastes e, mesmo nesse mergulho de cabeça (na cabeça), sobram muitas áreas de sombra. Como no filme em si. Mas é melhor fruir e deixar fluir do que tentar explicar.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Desculpa, mas não dá

Andam dizendo por aí que dá pra ser ecológico sem ser chato. Até deve dar. Depende do que o sujeito acha que é chato.

Geralmente, o ecochato é um cara que muda a própria vida. Que faz algo simples, mas que os outros não fariam, como fechar a torneira ao se ensaboar no banho. Bobo, quase estúpido, mas muita gente não fecha a torneira.

Ou então o cara separa o lixo. Coisa que muita gente não faz, que coisa!

Aí esse sujeito, mesmo sem abrir a boca, fica lá. Sua própria existência é uma prova inconteste de que a gente não tá nem aí pro planeta. As suas ações simples denunciam a nossa preguiça. Cada gesto dele equivale a uma inação nossa e, portanto, à nossa contribuição diária pro aquecimento global.

Fato é que não dá pra mudar o mundo mantendo os mesmos hábitos e vivendo numa vida cômoda. Tem que desligar o ar condicionado do carro também nos dias quentes, e não só quando está agradável. Tem que pagar um pouco mais por uma embalagem de vidro e por um tomate orgânico da região. Tem que ir a pé até a esquina. Tem que ir ao trabalho de ônibus e metrô.

E, a propósito, tem que ligar na prefeitura e dizer que o sistema de transporte tá uma merda.

Não adianta não mudar os hábitos. Nem dizer que é mais legal andar de táxi, passar calor ou fechar a torneira. Porque não é. É chato, sim. Mas tem que fazer.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

When I'm 64

Vem cá, só eu pensei que daria pra clonar o John Lennon com um troço desses?

O antropófago de Bial

De tudo,
E contudo,
Porque é assim que se começa um poema ruim.

Na real,
Canibal
Emiliano é antropófago de Bial

Modernistas,
Basquetistas,
Com a bola que Bial bele

Belê
Demodê
O jogo é imaterial

De tudo,
Retundo,
A luz tomou seu lugar.


O poema ruim acima é meu. Fiz pra concorrer no concurso criado pelo Emiliano a partir de uma foto inspiradora do Pedro Bial.

Não cobiço os prêmios, apenas a glória.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Twin Peaks: Gold Box, os dois livros e o convite de Lynch

Vi alucinadamente neste ano em DVDs alugados de Twin Peaks. Foi um troço fascinante e perturbador, ainda mais porque dias depois acabei numa pequena cidadezinha do interior muito, mas muito parecida com Twin Peaks -- tanto que, ainda no aeroporto, cruzei com um homem sem braço!

Em seguida, comprei o livro da Laura Palmer, que ainda está em catálogo, provavelmente com poucos exemplares remanescentes à disposição de uma edição da época em que a série passou na Globo. O livro, que estou lendo, é doentio.

O do Dale Cooper foi ainda mais difícil -- recorri à Estante Virtual, que congrega sebos do Brasil inteiro. Sorry, só tinha um, que já foi.

Aí, um dia, fazendo umas pesquisas a respeito da série, achei um site que falava da nova edição da série, uma caixa única com tratamento superespecial que ia sair nos Estados Unidos em novembro.

Saiu.

E saiu aqui também.

Desde ontem, por conta do seu aniversário, a Jeanne é a feliz proprietária de uma Twin Peaks Gold Box Edition. Mas eu vou filar uns episódios. Tem todos os episódios, comentários, o Saturday Night Life especial Agent Cooper e o escambau. Só não tem o longa, mas ouvi falar que ele está na fila pra sair.

Outro dia, repensando tudo isso num café, me dei conta de que David Lynch fala do inconsciente em seus filmes. E que Twin Peaks é o convite de entrada global e coletivo, feito na TV aberta da era da proto-internet. O tempo todo, a série sussura em seu ouvido: "não seja como Laura, não tema seu inconsciente, deixe-se levar por ele, aceite-o, BOB só machuca quem não o vê como monstro".

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Arroz grátis

Viciante e virtuoso, o Free Rice é um site em que você doa um punhado de arroz a pessoas pobres cada vez que acerta o significado de uma palavra. Em inglês, sim.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O Segredo de Jimmy Cliff

A verdade verdadeira é que o tal de O Segredo, esse troço que tá na moda, nada mais é que um filme baseado numa música do Jimmy Cliff:

You Can Get It If You Really Want
Jimmy Cliff

You can get it if you really want
You can get it if you really want
You can get it if you really want
But you must try, try and try
Try and try, you'll succeed at last

Persecution you must bear
Win or lose you've got to get your share
Got your mind set on a dream
You can get it, though harder them seem now

(refrão)
I know it, listen

Rome was not built in a day
Opposition will come your way
But the hotter the battle you see
It's the sweeter the victory, now

(refrão 2x)

You can get it if you really want - I know it
You can get it if you really want - though I show it
You can get it if you really want
- so don't give up now

*

Por conta do documentário Midnight Movies (que integra o Festival Jodorowsky no CCBB), acabamos vendo o The Harder They Come hoje à noite -- nosso DVD tinha um título em português, Balada Sangrenta. Filme simples e sincero, às vezes um pouco tosco como a sinceridade acaba sendo. Tem um pé no naïf, concordo. Mas, como todo bom naïf, de inocente não tem nada.

A conexão entre filme e música é bem simples: o filme é protagonizado e tem trilha de Jimmy Cliff. Ao passar nas sessões da meia-noite nos Estados Unidos, acabou fazendo a fama do regueiro nos Estados Unidos e, por tabela, no resto do mundo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Louca por Homem

Já faz quase um mês que li Louca por Homem, novo livro da Claudia Tajes. E foi uma leitura, confesso, bem de sopetão.

Eu tinha encomendado na pré-venda, mas o livro só ia chegar uns dias depois, quando eu já teria deixado São Paulo. Na véspera da partida, fui à livraria comprar livros para um amigo que mora em Londres e queria ler em português. Lá estava o varal de cuecas contra o céu de brigadeiro que ilustra a capa. Comprei e levei. Li no avião, antes ainda de desembarcar em Paris.

Comprei porque a Claudinha também é conhecida do presenteado. Mas seus livros são de uma leitura gostosa e divertida, porém levemente maldosa, bem como bons presentes têm que ser.

(E aqui eu abro parênteses pra colaborar com o jovem Theo: o Natal taí, galera, tem amigo secreto, prima do interior, tem editor de jornal que precisa fechar a página de dicas de presente lendo...)

(De nada.)

Graça, a protagonista, é feia, coitada. Nada a ver com aquela feiúra Dove; ela é feia pra valer. Mas gosta de homens que, por sua condição estética, não são grande coisa mesmo.

Olhando assim, até parece pueril, e não sei se quem não conhece a Claudia pode imaginar o quanto isso pode virar uma trama doentia nas mãos dela. Por isso que sempre acho bom lembrar de outro livro dela, que é um pouco mais explícito ao desvendar a mente de sua autora: Vida Dura é sobre um durango que se torna doador de sêmen para inseminações artificiais.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Ubu

Vocês conheciam o Ubu e não me disseram nada ou é uma novidade pra todos nós? Fato é que o Carlão Reichenbach recomendou o site ontem: tem filmes surrealistas aos montes pra baixar.

Tem do Fluxus. Do John Cage (incluindo 4'33"), do William Burroughs. Tem O Cão Andaluz! E até o Yves Klein (deus me segure pra eu não usar três exclamações).

A Montanha Sagrada e a arte

A Montanha Sagrada é de uma beleza ímpar e, até agora, meu filme favorito do Jodorowsky. Não vi Santa Sangre, mas muita gente que já viu tudo anda dizendo nos entornos do festival que é isso mesmo: A Montanha Sagrada é o melhor.

Não duvido.

Ele é um filme monumentalmente lindo mesmo quando é grotesco. Tem uma grandiosidade estética do começo ao fim. Enquanto diretor, Jodorowsky é um baita pintor.

Queria poder mostrar aqui uma cena em que um exército de sapos representando europeus invade e destrói uma maquete de cidade maia ocupada por camaleões, tudo isso dentro de um circo de rua.

A Montanha Sagrada é um filme redentor, mesmo nessa cena que antecede toda e qualquer idéia de salvação. Jodorowsky grita suas simbologias a todo volume, mas a real é que o tempo todo cochicha no seu ouvido: só a arte salva.

Festival Jodorowsky

Ontem passei a tarde e um bocado da noite no Centro Cultural Banco do Brasil, assistindo à programação do Festival Jodorowsky. Daqui a pouco me toco pra lá de novo -- quero ver ao menos O Ladrão de Arco-Íris, que é o filme mais comercial dele.

Jodorowsky é um desses autores supercultuados por pouquíssima gente e completamente ignorado pela multidão. Transita com certa desenvoltura por diversas áreas.

Na literatura, faz poemas e romances -- o único que saiu no Brasil é o excelente Quando Teresa Brigou com Deus.
Nos quadrinhos, fez a série Incal e seus derivados (Antes do Incal 2 ganha sessão de autógrafos na quarta). Um de seus trabalhos mais recentes é a excepcional Bórgia, com desenhos de Mil Manara.

Jodorowsky também é ocultista. Restaurou o Tarot de Marselha, por exemplo.

Também foi fundador do Teatro Pânico, com Fernando Arrabal.

Seu cinema, foco maior dessa mostra do CCBB, é uma junção de tudo isso, de certa forma. Se suas obras espalhadas ajudam a construir um mundo jodorowskiano, o cinema é a concretização mais completa disso: ele atua, compõe, escreve e dirige. Mas, mais que isso, impõe o seu ritmo. Não acompanhar Jodorowsky e perder-se no Incal, por exemplo, é natural. Mas a HQ permite a releitura imediata e fragmentada. O cinema e sua necessidade de um fluxo narrativo contínuo me parece mais próximo da forma como o artista de fato se comunica.

Bem, vou lá. Só não chamo vocês porque não precisa: as sessões de ontem estavam absolutamente lotadas. ;)

sábado, 1 de dezembro de 2007

A Shakespeare and Company original

Em Paris, fui à Shakespeare and Company, uma livraria de língua inglesa muito interessante, ancorada de fato um projeto cultural consistente (e essa história fica pra próxima). Também é um prédio muito visitado por turistas, como logo se percebe.

O nome presta reverência à Shakespeare and Company original, criação de Sylvia Beach na Paris do entre-guerras no século passado, lotada de intelectuais. Sylvia sacou que a cidade fervilhava de leitores de inglês, mas que não havia como encontrar livros na língua de Shakespeare com facilidade. Acabou montando uma livraria que também alugava livros e servia de pólo cultural para os felizes exilados.

A jogada toda de Sylvia soa como um tapa na cara pra acordar a gente, que vive na era da Amazon, em que qualquer conhecimento impresso chega em nossas casas em pouquíssimo tempo e no menor custo que a história da civilização registra até hoje. Mas foi isso que ela fez: uma proto-Amazon na Rive Gauche, e ainda com o filtro pessoal dela e de seus amigos próximos.

Sylvia fez mais: foi a editora de Ulisses, de seu amigo James Joyce, quando ninguém queria ter esse pepino censurado nas mãos.

E é ela quem conta a própria história em Shakespeare and Company, livro que saiu em português um tempo atrás pela Casa da Palavra. É uma viagem no tempo em companhia de uma senhora distinta e elegante, que tem um papo delicioso e elegantemente sarcástico.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Capitão Nascimento é moleque

No meio de todo o bafafá de Tropa de Elite, pega até mal que não se fale mais do lançamento de O Bandido da Luz Vermelha em DVD. A obra-prima de Rogério Sganzerla é de certa maneira o avô do Tropa de Elite, porque esfregou na nossa cara o que éramos lá atrás -- e de onde viramos o que somos e como tudo isso deu no que deu.

Em um manifesto feito na época (republicado aqui pela Contracampo), o diretor escreveu: "Orson Welles me ensinou a não separar a política do crime".

Não vejo como uma discussão possa ser mais atual.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

TV Digital

Faz uns dois meses, se isso, que assisti a testes da TV Digital, essa mesma que lançam no fim de semana. Confesso que babei: a qualidade é tamanha que deu vontade de esperar pra ver o filme na Tela Quente (com som original, legendas e imagem melhor que a do DVD).

É um troço impressionante. Quando o povo descobrir, sai de baixo. Por um lado, não entendo por que diabos o varejo está reticente e ainda não vende os conversores. Mas, por outro, entendo plenamente: com esse governinho miserento, é difícil.

O trem e o cinema

Quando eu conto que andei de trem pela Europa nos últimos dias, uma das reações mais comuns no Brasil é falar sobre a impressionante (sic) honestidade dos europeus, que pagam a passagem correta sabendo que, muitas vezes, em muitos trechos, não haverá conferência. E é fato: na linha do Thalys entre Amsterdã e Paris, nossos bilhetes foram checados logo na saída e um pouco antes da chegada. Dava pra viajar na boa entre Bruxelas e toda a Antuérpia sem pagar nada.

Sem se dar conta, a gente fala como se isso fosse coisa de outro mundo, o que é um pouco surreal e um tanto revelador sobre o país em que vivemos.

E sempre vem o comentário arrebatador: dizem que um sistema tão livre jamais funcionaria aqui. O que, convenhamos, é verdade. Nossa tendência, porém, é creditar a culpa ao pobre coitado que passa por baixo da roleta do ônibus, e não àqueles que estão mais próximos de nós e que usam carteirinha de estudante falsificada (e por favor notem que me refiro apenas às falsas).

Sei que arregimento pequenas hordas de detratores a cada vez que toco nesse assunto. Sei que sôo antipático. Mas é um fato: por que esperar que gente com bom salário pague uma passagem de ônibus se não paga sequer a outra metade do ingresso do Cinemark? A lógica, me desculpem os pilantras, é a mesma. E quem paga mais caro pra ver um filme sou eu e o pequeno punhado de gente que acha que vive num país que merece ter solução.

domingo, 25 de novembro de 2007

O Bazar Atômico

Li nas férias O Bazar Atômico, uma grande e poderosa reportagem do jornalista norte-americano William Langewiesche a respeito da reconfiguração do poder nuclear depois do fim da guerra fria.

Não fossem o tema e as conclusões, apavorantes, seria um daqueles livros gostosos de se ler. Langewiesche é minucioso, rico em informações, mas preciso, sem excessos.

De certa forma, também é reconfortante: o livro explica por que, afinal de contas, ainda é altamente improvável que seu vizinho tenha uma bomba atômica na garagem (embora São Paulo, segundo ele, seria um bom lugar para se fazer uma). Ou por que o tráfico do Rio tem poucas chances de comprar uma -- e praticamente nenhuma possibilidade de construir uma.

Ao mesmo tempo, assusta: afinal de contas, uma única bomba suja de terceira categoria pode fazer um estrago monumental e dar um novo significado à esta era de caos e paranóia que estamos vivendo. Afinal, percepção é tudo.

sábado, 24 de novembro de 2007

Jogo de Cena

Não é de hoje que Eduardo Coutinho é um cineasta obrigatório, desses que a gente tem a missão moral de acompanhar a obra filme a filme. Jogo de Cena, elogiadíssimo por aí, é antes de tudo sobre a humanidade e os limites do mimetismo do ator. Demasiado humano, evoca a expressão famosa de Nietzsche, mas suga mesmo e pra valer de Aristóteles: há palco, há máscaras (e não há), há principalmente catarse, e catarse por todos os poros.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Kindle e o mundo mudou de novo

Até eu, que já previa que não encerraríamos 2007 sem um e-reader com apelo de massa, fui surpreendido pelo Kindle, o leitor eletrônico da Amazon. Desta vez, não foi o Steve Jobs, e sim o Jeff Bezos.

O aparelho tem conexão EV-DO, tela fosca, dicionário embutido, Wikipedia online, recebe jornais e revistas, bateria bem razoável, um bom acervo para compras, compatibilidade com arquivos como Word (PDF só se convertido em Mobi, leio, mas parece que isso não é difícil), teclado para anotações, é leve... Não vejo o que mais alguém poderia querer -- ok, que ele fosse um pouquinho mais bonito e tivesse cores.

Mas é isso: se não for o Kindle, será algo muito próximo dele. Eu apostaria em um sistema um pouco mais aberto, como a Creative faz com os MP3 players. Mas, por enquanto, fico torcendo para que lancem algo parecido no Brasil logo em seguida. Até porque quero ver como e-books em massa afetam o hábito de leitura -- acho que essa será a próxima grande discussão.

domingo, 28 de outubro de 2007

Björk

Tudo depõe contra a Björk nesta noite: calor indigno, possibilidade de chuva, Anhembi, multidão, a tal da área vip que torna tudo muito distante e frio. Se a islandesa virar o jogo, será um belo show.

domingo, 21 de outubro de 2007

50 lugares sexies para se comer

De repente, surgiram essas listas imensas, de mil coisas, que precisam ser feitas antes de morrer: 1000 lugares a serem visitados, 1000 livros a serem lidos, 1000 filmes a serem vistos, 1000 babaganushes a serem degustados. Quase não dá tempo para se viver, até porque, pra fazer tudo isso, você precisa trabalhar muito para conseguir pagar a conta.

Por isso, a lista dos 50 lugares sexies para se comer que saiu hoje no Guardian até soa amena: são só 50 lugares, a maioria em lugares visitáveis, as dicas ainda reúnem duas coisas bacanas numa só experiência (sexo e comida) e há sugestões pagáveis.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Greenpeace no Pará

Está rolando a maior treta no Pará: o Greenpeace tentou tirar uma tora de madeira queimada de 13 metros para excursionar pelo país e denunciar a devastação da Amazonia. Não deu: umas 300 pessoas cercaram os oito ativistas, informa o site da ONG. Eles estão cercados na sede do Ibama.

Para dar uma noção a vocês do que está rolando, o Ibama chegou a cancelar a autorização de transporte da árvore para "não agravar o conflito". Coisa de governo. Não tem exército por lá, não?

É surreal.

Mas mostra ao menos que quem está depredando a Amazônia está se sentindo ameaçado.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Sidney Harris e o novo Graal

Descobri a existência do Sidney Harris dias atrás, quando por acaso tropecei na Cultura com a ótima antologia de cartuns dele que a editora da Unesp está lançando. O cara é especializado em fazer humor com ciência, vejam só. Ri de temas como nanotecnologia e psiquiatria. É uma delícia. E, ainda por cima, perfeito para anunciar o novo Graal deste blog, que os mais atentos já captaram no título desengraçadinho: a busca de identidade.

domingo, 14 de outubro de 2007

Que horas são?

Desculpem, mas não sei que horas são.

É que começou o horário de verão. Só que, de uns anos pra cá, essa mudança virou notícia velha. Os jornais largam uma notinha na página 17-C dizendo ADIANTE SEU RELÓGIO, ok, mas não é mais aquela festa que tinha antes.

No passado, todo mundo debatia o horário de verão durante as semanas que antecediam a implementação. Era um tema candente.

Minha mãe, veja só, nos acordava mais cedo no domingo pra gente se preparar para a segunda. Era um acontecimento nas nossas vidas, a chegada do horário de verão. Era um domingo para se passar com sono.

E, convenhamos, horário de verão é um período de jet lag crônico. A gente passa uns meses num fuso parecido com aquele a que estamos habituados, mas levemente alterado. A diferença é tão pequena que não provoca o esforço da adaptação. Na prática, acabam sendo os meses do ano em que durmo uma hora a menos. Daí aquela sensação de cansaço eterno e a decorrente confusão mental, sem falar do bocejo latente que está sempre pronto a dar o ar da graça.

Mas ainda não sei que horas são. Porque, incompetência minha, nunca entendi bem o que eu tenho que fazer quando me mandam adiantar um relógio. É uma falha na minha formação cerebral: me confundo com direita e esquerda, com adiantar e atrasar relógios, com a quantidade de colheres de café necessárias para passar duas xícaras não muito fortes.

Até poderia me esforçar, mas aí me dei conta de que não restaram relógios sem conexão com um servidor externo nesta casa. Todos, em tese, podem ter se ajustado automaticamente. Minha interferência seria a prova cabal de que sou um sujeito pré-conectividade, quase um antepassado distante de todos nós. Até porque o relógio do computador está igual ao relógio do Itaú nas homes do Terra e do UOL e até mesmo do contador do Blogger, que é o relógio do Google. O relógio do celular também bate. Será que esqueceram de mexer nos relógios dos servidores? Mas não lembro de ter ativado o auto-ajuste dos gadgets -- e provavelmente por isso há entre eles a discrepância de alguns minutos. Tudo isso ainda é muito confuso.

E eu continuo sem saber que horas são.

Jabá: Contos do Quintal à venda, compre djá

A quem interessar possa: o livro Contos do Quintal, do qual participei com uma ilustração para um conto infantil do Fabrício Carpinejar (mais explicações neste post) já está à venda. Compre aqui.

Aproveite e leve também o filme que deu origem à série -- que na real é o livro Porto Alegre e o Dia em que a Cidade Fugiu de Casa. Aproveite, amigo, que não é sempre que tem.

CQD: Tropa de Elite e os piratas

"Nas apreensões, vimos que drogas, munições e componentes de armamentos estavam nos mesmos carregamentos de produtos piratas."

Alexandre Cruz, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade, em matéria da Folha que fala sobre o esquema do tráfico de DVDs vendidos em camelô.

Também saiu um texto bacaninha sobre o roubo de Rolex organizado.

A riqueza também é tema da New York Times Magazine de hoje.

sábado, 13 de outubro de 2007

RS

Não é por nada, não, mas por que diabos a Rolling Stone brasileira tem capas tão feias?

Eu até sou a favor de Ivete Sangalo, Faustão e afins, mas podiam ao menos fazer capas mais bonitas.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Bienal do Mercosul 3 - Conversa com Annika Ström




Uma das mostras mais bacanas da Bienal do Mercosul é a Conversas, que está no Cais do Porto. Nela, um artista chamado pela curadoria é convidado a convidar outros dois artistas que tenham trabalhos relacionados. No fim, a curadoria olhar o conjunto e chama mais um artista. O resultado são doze grupos bem relacionados de quatro artistas em cada (com variações: alguns dos conjuntos são mais fraquinhos e, num dos casos, um artista convidou uma arquibancada, um DVD ou sua própria biblioteca, veja só).

O vídeo da Annika Ström é curtinho e delicioso, mas estava logo de cara na entrada do cubículo relacionado a ela. Chamava muito a atenção. Notem as pessoas passando na minha filmagem.

Neil Gaiman no Omelete

Para os fãs de Neil Gaiman, o Omelete publicou hoje muitos depoimentos do escritor. Além de uma entrevista a respeito do filme Stardust, que estréia esta semana, o criador do Sandman fala sobre suas participações em outros dois filmes: Beowulf e Morte.

Aliás, Gaiman está em alta também nas livrarias brasileiras. A Pixel aproveitou o ensejo para lançar uma nova versão de Stardust. E a Conrad saiu com um livro antigo dele, Neverwhere, que aqui virou Lugar Nenhum.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Bienal do Mercosul 2 - As fotos começam


Aos poucos, vou fazendo uploads de fotos da 6ª Bienal do Mercosul na minha conta do 8P. Mesmo feitas com celular, as imagens ajudam a esclarecer o vídeo do Nelson Leirner, que às vezes não dá pra ver direito.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Bienal do Mercosul 1 - Nelson Leiner



Andei por Porto Alegre no fim de semana. Um dos motivos foi ver a sexta edição da Bienal do Mercosul, que tem coisas fantásticas, tanto nas mostras coletivas quanto nas monográficas. Öyvind Fahlström, por exemplo, é imperdível, mas fica pra depois. Aos poucos, vou falando aqui de algumas obras e exposições.
Para começar, aí vai uma viagem em vídeo pela obra do Nelson Leiner, que está no Cais do Porto, na seção Zona Franca. É mais uma das montagens pop, um trabalho lúdico, mas que toma uma posição política bem definida.

sábado, 6 de outubro de 2007

Coisas que o James Watson aprendeu na vida

O cara aí ao lado é o James Watson, o pesquisador que disse que o DNA tinha formato de hélice e se tornou um dos grandes pioneiros da pesquisa genética. Ele está lançando um livro este mês que é uma mistura de biografia com aprendizados que a vida de cientista lhe concedeu. O título é sensacional: Avoid Boring People.

A última edição da revista Technology Review, do MIT, trouxe um trecho do livro e seis aprendizados sobre pesquisa (registre-se, oras, é a revista do MIT de graça, seu vagal!) que me parecem fundamentais para quem lida com pesquisa. No artigo, eles estão mais desenvolvidos, mas resolvi trazer pra vocês a síntese da síntese:

1. Escolha um objetivo aparentemente à frente do seu tempo.

2. Só trabalhe em problemas quando você sentir que o sucesso será tangível dentro de alguns anos.

3. Nunca seja a pessoa mais brilhante da sala (permitam-me um adendo aqui: ele diz que o Linus Pauling, que era o gênio da Química da época, teria descoberto a forma do DNA antes dele se não fosse tão arrogante).

4. Fique perto dos seus adversários intelectuais.

5. Trabalhe com um time que tem o mesmo nível intelectual que você (e outro adendo: mas que tenha conhecimentos diferentes).

6. Sempre tenha alguém pronto para salvá-lo (porque estar à frente do seu tempo exige alguém pra apoiar as cabeçadas que você vai dar).

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Tropa de Elite no cinema

Acabei de chegar de uma sessão do Tropa de Elite no cinema. Não tinha visto em DVD. Nem naquele link do Youtube -- que saiu do ar, mas antes reuniu toda a sorte de comentários medonhos que falavam muito sobre este Brasilzinho.

É curioso: todo mundo fala das drogas, do quanto o tráfico fode com tudo, mas passou meio batido o fato de que os vendedores de DVDs piratas, responsáveis pela divulgação precoce e acelerada do filme, alimentam o mesmíssimo sistema criminoso.

Logo, não adianta só o amigo aí parar de se chapar. O troço se alastra pelo simpático barzinho que faz o jogo do bicho, pela loja de grife bacanésima que lava dinheiro, pelos iPods baratinhos do site de leilões, pelo cursinho que faz vista grossa pro ecônomo do bar que vende maconha e por aí vai.

E, enfim, o problema é que, neste país, a sensação que dá é que a gente tem é que parar com o país todo pra resolver a situação.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Aliens in America


Pára tudo!

A estréia de Aliens in America é uma das mais promissoras que as séries de TV norte-americanas nos mostram em anos. A história não tem nada a ver com ETs. Ou tem: o ET no caso é Raja, um intercambista paquistanês que vai passar um ano na casa de uma família dos subúrbios norte-americanos para conviver com o jovem loser Justin.

O primeiro episódio lembra até o monumental Anos Incríveis -- é, de cara, são leve e divertido, mas deixa uma gigantesca brecha para chafurdar em tudo o que é importante.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Peek-a-Boo

Outro dia, o Carlos Ferreira mandou um e-mail. Disse que a antológica Peek-a-Boo tá de volta, agora em blog. Eu me enrolei e não falei aqui nem em lugar nenhum. Mas é uma das boas novas do ano.

Wired Science

A Wired é foda porque quase todo mês eu penso "Ok, chega, já deu, tá batida" pra, em seguida, ela vir com um punhado de matérias que realmente fazem a diferença.

E hoje a revista virou um programa de TV. Hoje mesmo. A estréia recém rolou.

Meu fastio amigo já veio me dizendo: "Lá vem mais um enfadonho Mundo de Beakman para adultos". Mas os filhos da mãe me ganharam logo no primeiro bloco, com o ensaio de ciberguerra que rolou na superconectada Estônia.

Daí pra frente vai que é uma beleza.


terça-feira, 2 de outubro de 2007

50 anos de Sputnik e o paudurismo espacial

Quinta agora completam-se os 50 anos em que a pequena Sputnik foi para o espaço e deu o chute inicial na Era Espacial, e a imprensa lá fora já larga seus primeiros textos. Tanto o New York Times (em português no G1) quanto a Economist saíram com matérias que reforçam a tese de que a corrida espacial foi o mais caro "o meu é maior que o seu" da história. Numa metáfora digna do pior freudianismo de botequim, astronautas e cosmonautas tiveram seus pintos medidos publicamente, mas no fim das contas quem comeu e gozou foram os governos. Cada publicação dá suas cores e sua leitura particular, claro, mas é curioso ver que é justamente no falo (eu disse "falo") político que elas convergem.

É fato (agora eu disse "fato") que hoje não temos carros voadores nem casa de veraneio na Lua, mas ao menos rola um Google Earth. O mesmo Google que vai tentar tomar a lua para si e, possivelmente, transformá-la em um loteamento patrocinado daqui uns anos.

Contos do Quintal


Taí um convite (clique para ler) meio sem sentido, porque domingo eu nem vou estar em São Paulo e, portanto, não irei ao lançamento.

Mas o fato é que há um desenho meu no livro Contos do Quintal, que sai neste sábado pela Editora Globo. O volume reúne histórias escritas por vários escritores, cada uma acompanhada de uma ilustração de um artista diferente. O projeto é da Revista Crescer.

Meu desenho foi feito para uma história do mano Fabrício Carpinejar e repete o clima do outro livro que fizemos juntos, Porto Alegre e o Dia em que a Cidade Fugiu de Casa, que por sinal está à venda de novo (aproveite que não é sempre que tem!). Esse sim é todo escrito pelo Fabrício e desenhado por mim de alto a baixo com as adoráveis tintas nanquim escolar.

O Contos do Quintal ainda não está nas livrarias, mas, assim que entrar, eu aviso.

Phone Home

Não sou muito de repercutir as notícias do Blue Bus, até porque fico com a impressão de que todo mundo já leu. Por isso, não leiam este post como uma notícia, por favor, e sim como um louvor a uma idéia sensacional.

Ainda Orangotangos


Semana que vem começa a temporada de lançamentos de Ainda Orangotangos, livro do Paulo Scott que era do catálogo da Livros do Mal, mas ganha nova edição pela Bertrand. Os dados estão todos no convite aí em cima -- clica que aumenta.

Quando esses contos saíram pela primeira vez, escrevi na Zero Hora sobre a importância deles: está ali o primeiro registro ficcional de que a noite de Porto Alegre se mudou do Bonfim para a Cidade Baixa. É o Êxodus da literatura gaúcha contemporânea, até porque trocar a Lancheria do Parque pelo Ossip é um processo social bem mais complexo do que parece.

(A propósito: o Gustavo Spolidoro fez um filme baseado no livro. Já está rolando pelos festivais.)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Mind the gaps


Foto de Mauricio Alejo, da Wired
Este artigo da Wired é interessantíssimo. Fala sobre a dinâmica da pesquisa científica, acostumada a publicar os acertos e esconder os erros -- e sobre a preciosidade de informações que os gaps escondem.

Na real, isso tem a ver com ciência, mas também com a vida da gente. É com os erros que a gente aprende, já martelava o velho Pavlov.

No fim das contas, quem tem razão é o metrô de Londres.

domingo, 30 de setembro de 2007

Kebak Salonu

Outro dia passei pela Augusta, um quarteirão abaixo do Espaço Unibanco, e vi a plaqueta que indicava a venda de kebabs. Guardei a informação pra mais tarde, um pouco ressabiado, porque tem um mexicano no mesmo estilo perto dali que foi uma decepção bem recentemente. Mas, ainda assim, a idéia de kebabs na Augusta não tinha sido descartada.

Esta semana, a Gabriela Yamaguchi elogiou tanto que decidimos ir ontem.

Pois o Kebab Salonu (Augusta, 1416) é de fato fantástico. Excelente comida a preços moderados. "Não somos fast food", diz o cardápio, apesar da disposição arquitetônica de lá.

Se quiser seguir nossos caminhos pré-aprovados, peça sharbats (água mineral com gás e xarope, que viram uma espécie de refrigerante com sabores como tamarindo, tâmara, rosas e damasco) e kebabs Indiano e Döner de carneiro. Mas é bom avisar: as opções são tantas e parecem tão saborosas que, quando voltarmos, provavelmente provaremos outros pratos.

Aleijadinho e Seu Tempo: Fé, Engenho e Arte


A mostra Aleijadinho e Seu Tempo: Fé, Engenho e Arte está chegando a seus últimos dias no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo. Fecha dia 14 de outubro. Eu fui ontem.

É um trabalho de vulto do curador Fábio Magalhães, que traz algumas peças do escultor a São Paulo (ainda terei que ir a Minas pra apreender a grandeza da obra do cara), mas que tem uma força didática imensa. A exposição é calcada no artista, mas também no que acontecia à sua volta: no subsolo, há ex-votos mineiros (que não são reproduções de membros, e sim pinturinhas com pedidos), mapas fabulosos e relicários. No terceiro andar, estão trabalhos de artistas como Francisco Xavier de Brito, Mestre Piranga e Mestre Athayde, que servem para lembrar que Aleijadinho não era o único ser brilhante do barroco mineiro.

A obra de Aleijadinho em si está distribuída por dois andares: o térreo, que abriga peças imensas e reproduções, e uma sala do segundo andar, de onde as fotos que ilustram este post foram roubadas (acontece que não há indicação de que é proibido fotografar as obras, o que faz com que os pobres seguranças tenham que abordar as pessoas o tempo todo).

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Innocent 100% reciclada

A Innocent acaba de lançar a primeira garrafa de plástico 100% reciclado (e 100% reciclável) do mundo. Por enquanto, são quatro sucos vendidos na embalagem, que é completamente revolucionária. Mas, ano que vem, todos os produtos da empresa inglesa sairão da fábrica nessas garrafinhas.

Depois o povo olha estranho quando eu digo que Innocent é a marca mais foda que surgiu nos últimos anos.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

"Acha que isso se justifica?"



O vídeo acima está circulando em vários sites (incluindo o Blue Bus). O ex-ministro português Santana Lopes dá uma porrada na apresentadora do SIC Notícias e, de quebra, uma grande aula de jornalismo e civilidade.

Imperdível.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Mojica 50 anos

Vai rolar logo mais uma grande homenagem ao grande mestre José Mojica Marins, que comemora 50 anos de carreira, no Centro Cultural Banco do Brasil -- tanto em São Paulo quanto no Rio. Uma das atrações é a exibição do inédito A Praga, filmado em 1980, mas considerado perdido até 2004, quando o material foi encontrado.

E tem mais retrospectiva da obra e aquela coisa toda, até porque o novo filme do Zé do Caixão, Encarnação do Demônio, estréia até o fim do ano.

No Rio, começa em 9 de outubro, no CCBB. São Paulo recebe a restrospectiva depois, a partir de 10 de novembro, no CCBB e na Cinemateca.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Doomsday e os clones

Artistas do passado são freqüentemente condenados por suas escolhas equivocadas, como se a habilidade de pintar, escrever um livro ou fazer um filme desse a capacidade de avaliar o que o futuro nos reserva. Volta e meia alguém é condenado por conta de tomar uma atitude comum em seu tempo. Nessas caças às bruxas, Hergé teve seu Tintim acusado de racismo, Shakespeare foi um porco machista e por aí vai.

Engraçado que a gente tende a pensar que atitudes assim ficaram no passado e que estamos no auge da iluminação humana. Mas é só ver Superman: Doomsday pra ver que não é nada disso.

Doomsday é um longa-metragem em animação que saiu nos Estados Unidos semana passada, inaugurando uma linha de desenhos voltados para adultos da DC Comics que sairão diretamente em DVD.

A história mostra uma trama já conhecida do público em geral: a morte do Superman, que é provavelmente a HQ mais badalada das últimas décadas. O filme tem algumas diferenças em relação à revista, mas o centro da história é o mesmo (se você não quer estragar o final, pare de ler aqui mesmo): o monstro Doomsday surge do nada, mata Superman, surge um impostor clonado para, só então, Superman voltar à vida.

Pra um desenho animado de super-herói, a história é bem violenta. Tem pancadaria e sangue pra valer. E isso inclui a cena que eu queria citar: um massacre de clones. Clones morrem no filme como se não tivessem direito algum à vida.

Claro que a proximidade da clonagem humana vão se acirrar as discussões, mas tendo a supor que, num futuro qualquer, matar clones será tão imoral quanto matar seres humanos. Portanto, anotem aí: Doomsday será acusado de promover a histeria numa era de barbárie -- estes dias em que vivemos.

Morango e Chocolate

Saiu agora no Brasil o álbum Morango e Chocolate, de Aurélia Aurita, coisa da ótima Casa 21. São histórias eróticas em que ela se retrata ao lado do namorado, Frédéric Boilet, que é autor de O Espinafre de Yukiko e um dos criadores do Nouvelle Mangá (movimento que une a tradição européia e a japonesa de fazer HQs, criando um punhado de obras bacanas pra caramba).

São HQs simples e deliciosas sobre um casal que se ama muito e que se descobre pelo sexo e pela arte. O desenho simples acaba jogando a gente dentro da vida deles.

Quando Aurélia fala de morango e chocolate, ela não está falando de comida. São coisas graciosas, doces e íntimas, mas eu não vou falar o que elas são. Vocês terão que ler o livro para saber.

domingo, 23 de setembro de 2007

Saraiva x B2W no e-bit

Tem um cheiro de chip queimado na internet brasileira. Que eu saiba, ninguém ainda se deu ao trabalho de inclinar o corpo pra ver se a CPU tá queimada. Mas que tem cheiro, tem: tá aqui, no site e-bit, em que consumidores que compram na internet podem avaliar os serviços prestados pelas empresas e, com isso, concorrer a prêmios.

Acontece que, depois da monstruosa fusão entre Americanas e Submarino, os dois sites acabaram sendo desbancados no ranking de mais avaliados pela Saraiva, até então um player de segundo escalão. Numericamente, isso quer dizer que tem mais gente avaliando a Saraiva do que as duas marcas da B2W.

O lance fica mais grave quando a gente se dá conta que a amplitude de categorias coberta pela B2W é consideravelmente maior que eletrônicos, audiovisuais e livros da rede de livrarias.

Há várias explicações para isso, que podem incluir até mesmo a localização do banner que leva ao e-bit na página. Como a Saraiva faz mais ofertas, talvez atraia consumidores com um perfil mais promocional, provocando conseqüentemente mais avaliações por conta dos sorteios.

Mas suspeito que não seja por aí. A Saraiva vem fazendo um belíssimo trabalho tanto na internet quanto nas lojas físicas: o site tem bons preços (o que, na internet, faz uma baita diferença), o programa de fidelidade é imbatível, os vendedores andam tão afiados que parecem ser da Cultura, há um sortimento razoável de livros importados a bons preços e por aí vai.

Enquanto isso, olhando ao meu redor, vi muita gente, de clientes fiéis a fornecedores e parceiros, se sentirem frustrados com o Submarino. A variedade caiu e os preços ficaram menos competitivos. Eu mesmo tentei comprar um livro recém-lançado que não estava esgotado, mas, depois de falharem na entrega no prazo, me mandaram um e-mail dizendo que o livro estava fora de catálogo.

Na internet mesmo, o comportamento do consumidor mudou em relação aos sites. Basta navegar em fóruns e blogs para perceber que Saraiva passou a ser sempre considerada como uma boa opção.

Ainda não saiu matéria sobre isso, mas acho que alguém aí podia se prontificar a dar uma olhada no que está acontecendo. Em havendo interesse, sugiro que o amigo jornalista comece por aqui: o relatório para investidores do último trimestre não fala quase nada dos sites em si, focando mais na aquisição da marca Blockbuster e nos produtos financeiros, que é a real galinha dos ovos de ouro do varejo nacional, como as Casas Bahia já nos ensinaram.

Lula e as centenas de empregados ao seu redor

“There are hundreds of employees around me that I don’t have any idea what
they are doing.”

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, verbalizando toda a sua capacidade de comandar um governo em entrevista ao New York Times de hoje.

Não é uma beleza?

Aliás, a própria entrevista é um marco: o Lula tá falando com o New York Times, algo que não se via desde que o Larry Rohter, antecessor do Alexei Barrionuevo, dizer que nosso líder era chegado numa pinga. Mas pra falar com Rohter ele nunca tinha tempo. Com Barrionuevo, ele logo achou. Sei não, mas daqui eu fico com a impressão de que era mágoa.

sábado, 22 de setembro de 2007

Tropa de Elite no Youtube

Camelô porra nenhuma. O filme Tropa de Elite caiu no Youtube, dividido em pedaços. Só vi uns dois minutos, pra descartar a hipótese de ser uma falsificação grosseira, e parece que é isso mesmo: o longa-metragem mais polêmico do ano está todo lá.

Na real, esse filme pode render meses de discussão: seja pelo tema ou pela pirataria. O interesse carioca pelo cinema nacional num modelo de distribuição alternativo a baixo custo -- que evidentemente não é o ideal -- poderia mudar pra sempre nossa indústria audiovisual. Basta entender por que tanta gente quis ver esse filme.

Os comentários raivosos e emocionados no Youtube podem render um bom começo.

Vamos a la Vörland, ô ô ô ô ô



A nova edição da Colors é um guia de turismo de Vörland produzido em 2057. É uma brincadeira para mostrar o quanto o mundo pode mudar em 50 anos. Pelo que se depreende, Vörland seria hoje em dia um lugar remoto e gélido no norte do hemisfério norte. Mas, na revista, é um destino turístico muito admirado por seus praias e seu calor.

O aquecimento promovido pelas mudanças climáticas tem conseqüências direta na vida das pessoas -- protetor solar de fator 200, fim do uso do petróleo como combustível, compensação de carbono obrigatória para recém-nascidos e cartão de crédito de carbono, por exemplo. Nadar no mar é perigoso por causa das mães-d'água e a malária se tornou epidêmica

O bacana é que a revista não fica fazendo discurso. Ela só esfrega na sua cara, sem dó, que você nunca mais vai tomar banho de mar se não mudar o seu comportamento agora mesmo.

Hoje em dia, é raro encontrar a Colors no Brasil. Muitas edições simplesmente não são trazidas pelos importadores. Mas a edição Welcome to Vörland está nas prateleiras. Comprei a minha na Livraria Cultura. Eles não vendem revistas no sistema online, mas se você mora numa cidade que tem Cultura e não achar a revista por lá pode pedir que eles mandam buscar de outra filial.

Funk do Calheiros

Vai, José Dirceu,
Vai.
Vai, Renan Calheiros,
Vai!
Uhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
Não queremos saber de vocês (ninguém quer)
Cobrai vossa CPMF
Cobrai, cobrai, cobrai -- que se há de fazer?
Quem puder sonegará -- vai, vai, vai.

Quero ser deputado
Quero ser senador
Quero ser Renan Calheiros
Uouououuuuuuuuuuuu

I am the anarchy in UK

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

C-3PO não enferruja na garoa

Anthony Daniels, ator que viveu o robô C-3PO em Star Wars, anda por São Paulo (foto ao lado). Ele veio divulgar alguns DVDs que estão saindo. Passou por algumas livrarias, entre elas, a Saraiva do Shopping Morumbi, onde tirei essas fotos ontem, por volta das 13h.

A presença do cara gera cenas como essa aí do alto: um soldado da guarda imperial passeando pela seção de CDs. Mas foi mais que isso: filas imensas para autógrafos, hordas de gente com ou sem fantasia comprando (de novo) um filme que já tem 30 anos.

Star Wars é como todas essas mitologias recentes: não basta acompanhar, tem que participar.

God Save The Queen

Ladies and gentlemen, please welcome the Sex Pistols.

(Thank you for purchasing tickets on Ticketmaster.)

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Carpinejar sem Marcia Tiburi

Resumindo a ópera, a Marcia Tiburi não foi ao Sempre um Papo, tava gravando um programa em Porto Alegre. E ficou só o Fabrício no palco.

Em vez de contar, decidi resumir o troço todo em dois vídeos:




Feliz Dia dos Gaúchos

Hoje é, mais uma vez, 20 de Setembro, dia em que o Rio Grande do Sul, esse estado ímpar, comemora a humilhante derrota na Guerra dos Farrapos.

Por lá, pra celebrar a guerra perdida, é feriado.

Mais que isso: tem desfiles em vias públicas, com cavalos e tudo o mais, tipo um 7 de setembro mais humilde, seguindo os preceitos rituais fabulosos e mitológicos inventados pelos queridos Barbosa Lessa e Paixão Cortes no 35 CTG no grêmio estudantil do Julinho.

E quem disse que gaúcho não é macho? Tem que ter muito culhão pra celebrar uma derrota a partir de uma cultura falsa, inventada por dois secundaristas.

Eu, gaúcho que sou, apresento aqui a descoberta recente feita pela Sabrina -- um filme publicitário que exalta a cultura gaúcha de forma inédita.

Bom Dia do Gaúcho a todos.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Marcia Tiburi e Carpinejar -- boralá?

Amanhã, o Fabrício (lançando Meu Filho, Minha Filha) e a Marcia (autógrafos em A Mulher de Costas) estarão no Sesc Vila Mariana. Afianço desde já que é o melhor programa que o senhor e a senhora terão à disposição nesta cidade.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Intelligent Life


Ora, vejam!
A Economist, uma das revistas que valem a pena no mundo, acaba de transformar em quaterly o suplemento até então anual Intelligent Life -- uma tentativa de mostrar como os leitores da revista passam o tempo fora do escritório.
A capa é linda. O design é matador. Há algumas páginas em PDF para degustação no site que já insinuam que o troço é incrível. Entre elas, o editorial, no qual Edward Carr conclui algo que a gente já sabe, mas que é sempre bom ver que tem mais alguém pensando assim: "The more you know, the better it is. Knowledge is pleasure".

domingo, 16 de setembro de 2007

Lulinha Paz & Amor


"Brasil tiene que volver a tener todo lo que tuvo. Para volver a construir nuestras fábricas de material bélico tenemos que comprar."

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, conversando com o jornal El País neste domingo. Agora, os sites brasileiros estão destacando a nossa recém-descoberta, porém desde sempre histórica, vocação bélica.

Mas o pior nem é isso: "No voy a dejar nunca la política", ameaça o governante rubro-escarlate.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Caro Senador Renan Calheiros,

Na segunda-feira, uma criança indígena, de um ano e onze meses, morreu de desnutrição. É, pelo menos, a oitava do ano.

Hoje à tarde, um homem foi baleado por criminosos ao lado do Theatro Municipal, no Centro de São Paulo.

Outro dia, quatro motoqueiros assaltaram duas amigas na Marginal Pinheiros, às 17h, apontando armas de fogo.

Apesar de supostos esforços, o próprio governo estima que 9,6 mil quilômetros quadrados da Amazônia desapareceram entre agosto de 2006 e agosto de 2007.

O Brasil ainda tem 25 mil vítimas de trabalho escravo.

Por essas e muitas, muitas outras, Senador, tenha certeza: a sua vitória é mais do que uma mera conquista pessoal ou uma prova de união de seus aliados. É uma vitória disso tudo que está aí, do que sempre esteve e, por causa de atitudes como a sua e a de seus companheiros, do que sempre estará.

Parabéns por sua vitória. Tenha certeza de que, para todos nós aqui fora, ela é equivalente a uma derrota monumental.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

desPista


Por mil demônios, olha isso!

O nosso amigo e gênio Fábio Zimbres criou uma escultura skatável. Fiquei sabendo agora pela Mauren, que tá divulgando o lance. Ela que me mandou a foto (acima) e os croquis (ao lado e abaixo).

O trabalho faz parte da programação que os artistas de Porto Alegre criaram para movimentar a cidade durante a Bienal do Mercosul.

(Não sei se vou explicar direito, mas, pelo que entendo, é assim: tem a Bienal Oficial. Aí surgiu um movimento de off-Bienal, composto por vários movimentos, como o Essa Poa é Boa e o Bienal B. Pelo que me contaram, todo mundo é amigo e se dá bem, inclusive os caras da Bienal Oficial. As coisas andam em paralelo e, até onde sei, tudo é estranhamente civilizado.)

Na verdade, é um misto de escultura e pista de skate. Há várias delas, como se vê aqui. Uma melhor que a outra, e mais a do Zimbres, que me parece a melhor de todas e provavelmente é mesmo.

O projeto, chamado desPista, é da sempre bacana Galeria Adesivo.
Na galeria em si (Beco Cultural – João Pessoa, 203), fica a mostra com projetos, desenhos, maquetes, fotos e vídeos.

As pistas estão em na antiga fábrica da Renner, no DC Navegantes, reunindo os artistas Mateus Grimm, Tiago Bagnati, Ana Claudia Vettoretti e mais o Zimbres e mais skatistas e o povo que está registrando o trabalho.
A mostra abre quinta, dia 13, às 19h, e vai até 11 de novembro, de terças a domingos, das 16h às 22h.

11 de Setembro

11 de Setembro é um dia que arrasa com qualquer um.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Laertevisão



E vou te dizer que é foda, mermão.

É Laerte, brilhante como sempre. Mas, de certa forma, é um outro cara que sempre esteve lá, mas você nunca reparou.
(No site da Conrad tem um preview para divulgação, de onde saiu a HQ acima.)

L'Oreal x eBay

A L'Oreal vai processar o eBay francês por venda de produtos falsificados, conta o Estadão.

Demorou.

No mundo todo, aqui inclusive, esses sites de leilão viraram um pequeno paraíso da picaretagem global. E sem sede, portanto, sem polícia pra bater na porta e fiscalizar.

A única segurança que as marcas têm é esperar que algum funcionário do site, que ganha comissão sobre as vendas, encontre a oferta pirata e a tire do ar.

domingo, 9 de setembro de 2007

Batman por Grant Morrison


A revista Batman 58, que está nas bancas de São Paulo desde a sexta passada, não traz a capa acima, mas uma outra.

Vou falar disso mais adiante, na resenha que fiz pro Universo HQ, mas, por enquanto, é bom ir avisando os leitores deste blog: a revista marca a estréia da superelogiada fase de Grant Morrison nos roteiros de Batman. Morrison fez coisas bacanas como Homem-Animal, Os Invisíveis, Sete Soldados da Vitória e uma ótima fase dos X-Men. Além disso, é autor da excepcional Asilo Arkham, álbum dele ilustrado por Dave McKean, o popular capista de Sandman.

Li o primeiro Batman nesta tarde: é matador.

*

A propósito, deixem-me aproveitar o rodapé pra listar o punhado de resenhas que fiz pro Universo HQ semana passada:
Mais Preto no Branco - Allan Sieber! (compre aqui)
Sete Soldados da Vitória 5 - Que, por sinal, é do Morrison!
Tute - Um argentino genial! (compre aqui)
Universo DC 3 - Uma revistinha bem meia-boca.

CreateSpace

O CreateSpace é a editora de livros on demand da Amazon. Mais que isso: produz também CDs, DVDs e HD DVD, vende espaço de download de filmes e promete, para breve, distribuir discos Blu-Ray.

Os produtos, a rigor, não têm nada de novo: acabamento mais tosco com custos um pouco altos, que só compensam se você precisa de uma tiragem realmente pequena.

Os criadores também continuam sem recursos para chegar à imprensa e aos demais filtros que podem fazer a diferença entre não vender nada e ser um sucesso.

Mas o sistema dá uma vantagem tremenda, como contou o Warren Ellis num boletim lançado neste feriadão: a distribuição da Amazon é gigantesca. E isso, sim, pode fazer uma senhora diferença.

sábado, 8 de setembro de 2007

If this shade is down


A cortininha aí é a contribuição da fabulosa Miranda July ao projeto The Thing Quaterly, em que uma assinatura anual dá direito a quatro peças criadas por quatro artistas diferentes. O site tem mais detalhes. E é bom ir avisando que até outubro ainda dá pra assinar o primeiro ano.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

E aí, o que você conta de novidade?

Fato é que eu não tenho visto nada de novo, sabe? Nada que me faça ter vontade de sentar nesta cadeira, logar neste blog e gastar alguns minutos para contar pra vocês.

Uns dizem que é uma fase. Outros, que não tenho olhado pro lugar certo. Mas eu acho que é velhice mesmo: já vi coisas demais pra me impressionar a cada esquina.

Isso não quer dizer que eu não tenha visto coisas legais. Vi, li, ouvi, bebi.

Vi, por exemplo, Santiago, puta documentário do João Moreira Salles. Um troço incrível, que em cinema eu não tinha visto -- e que até seria surpreendentemente novo se eu não tivesse lido Se Um Viajante Numa Noite de Inverno, do Italo Calvino.

Vi exposições: Da Bauhauss a (Agora!), no Masp, é ótima. O FILE eu já não curti muito este ano, justo porque é mais do mesmo (e porque a mostra de 10 anos do Itaulab estava pertinho e pelo menos no mesmo nível).

E, por enquanto, só vi o Vik Muniz da Fortes Vilaça (já acabou, mas continua na USP), até porque eu sou do tempo em que as pessoas não torciam o nariz pro trabalho dele -- e eu continua achando arrebatador, tanto que não é exatamente novo porque é ele, mas é das coisas que mais tem cheiro de novo.
E é com um trabalho dele, Pictures of pigment: Townscape Madrid, after Gerhardt Richter, que eu encerro por hoje.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Excelentíssima Sra. Governadora Yeda Crusius

Eu não moro no Rio Grande do Sul há mais de dois anos. Mas visitei o estado neste fim de semana, por umas 36 horas. Fiquei bem impressionado, admito. E não é um impressionado bonito, pra cima. É que as pessoas estão desmotivadas e exaustas. Elas não agüentam mais.

E digo mais: dos muito pobres aos muito ricos, não achei ninguém que defendesse o seu governo. E ouvi muita gente capaz de listar os problemas do estado, mas ninguém consegue apontar a solução. Parece que o pessoal perdeu a esperança.

Porto Alegre é uma cidade igualzinha ao que era quando saí daí. Não tem obras, não muda, parou no tempo. Só mudou o desânimo geral, que aumentou. Até aquele orgulho de ser gaúcho, sentimento que me irritava bastante, confesso, parece estar abalado.

Sei que a culpa não é só sua. Que a senhora é herdeira de outros incompetentes, de diversos partidos. Que a crise é mais antiga. Acredito até que a senhora esteja se mexendo para mudar isso.

Mas a notícia que tenho é ruim: não está dando certo.

Sinto muito, mas pra mim é claro que a senhora e sua equipe precisam se esforçar mais.

Ou, no mínimo, que parem de atrapalhar.

Falo isso porque vi, recentemente, dois bons amigos envolvidos em desgastantes matérias de jornal que me pareceram desnecessárias.

A primeira foi a Vera Callegaro, que a senhora conhece melhor do que eu, mas por quem, graças a uma velha amizade entre nossas famílias, tenho bastante carinho. Mas, apesar de saber que a senhora, e não ela, estava errada, deixo que vocês, velhas amigas que são, possam se acertar.

Foi um erro seu, coisa que faz parte da vida política.

Mas o que foi feito com o Luis Paulo Faccioli não tem explicação. Não só com ele, por sinal, mas com a cultura gaúcha inteira. Fazer chacrinha no Conselho Estadual de Cultura é amadorismo, governadora.

E mais: é coisa dos seus adversários políticos, a corja escarlate, vide as tentativas do Ministro Hélio Costa em mexer com a Anatel. A senhora, que estuda essas coisas, sabe melhor do que eu: pega mal meter a mão onde a autonomia se instaurou.

Conheço muito pouco a secretária de Cultura, Mônica Leal, filha do saudoso Pedro Américo, lembro apenas que foi minha colega na faculdade de comunicação e soube que foi uma bem votada candidata ao senado. Como estou fora há muito tempo, nem tenho como avaliar suas qualificações. Mas acho que vocês deveriam conversar um pouco. Pelo jeito, parece que o seu governo está apenas brincando com a pasta da Cultura, que exige muita seriedade.

Governadora, a senhora está com a faca e o queijo na mão: quem tirar o Rio Grande do Sul da lama vai governá-lo por muito tempo. É uma oportunidade única. Seja esperta como a senhora sempre foi: não jogue fora o que tem na mão.

Atenciosamente,

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Larry Rohter, sentiremos saudades (2)

Na real, não sentiremos saudades de Larry Rohter, o ex-correspondente do New York Times no Brasil. Ele continua por aqui, como contou na belíssima entrevista que o Estadão deu no domingo passado, mas eu me esqueci de avisar. A leitura é indispensável.

Mais que isso: não vejo a hora de o livro sair.

domingo, 19 de agosto de 2007

Freeganistas: a matéria do Observer

"Marks & Spencer's policy - if it is a policy - of leaving open access
to the bins gets a thumbs-up from the freegans. At other supermarkets in this
city they've found the food has had rotten milk, blue dye or even bleach poured
over it. Sainsbury's compact all the waste food before binning it, while Tesco
keep their bins locked until the rubbish trucks come. The freegans had only two
complaints about Marks & Spencer. One is about the grotesque amount of
packaging - virtually nothing is sold loose, it seems. The lunch I cooked did
generate a fully stuffed carrier bag full of plastic and polythene. The other
concerns all the packets of peeled and sliced fruit and veg that turn up in the
bin - 'They do it for lazy lunchtime customers, and it's gone off by evening.
It's very annoying.'"

Bela matéria, senhoras e senhores. Belíssima matéria. Invejável.

Alex Renton mata a pau e inclui até uma relação da política para detritos dos principais supermercados ingleses.

sábado, 18 de agosto de 2007

VMB 2007

Fui fazer o ritual anual do jabaculê e votar nos amigos que concorrem ao VMB. É algo que faço sempre, e invariavelmente o critério de voto é eu achar que os amigos são bacanas e merecem o voto, mais do que um artista desconhecido qualquer.

E por "amigo", por favor, entendam que isso inclui até os moleques que iam me levar releases na redação e diziam "boa tarde" educadamente. Ou ser amigo de amigo de amigo.

(Nem adianta me xingar: se a MTV quisesse idoneidade na eleição, deveria apelar para outro sistema político. A democracia, como todos sabemos, é falha.)

Fiquei bem surpreso: agora que a MTV não passa mais clipes, não se vota mais em clipes, a não ser na categoria de clipe do ano. O que dá mais ou menos na mesma, porque dificilmente o público votante conseguia distingüir o conceito de "melhor clipe" de "artista com mais fãs".

Os clipes saíram porque foram da TV pro Youtube (ou, supostamente, pro MTV Overdrive). E então o VMB premia o hit internético do ano. Isso é bem comum, mas tem cara de que rende pauta para eventuais interessados.

Mas o que mais me surpreende é a categoria Hit do Ano, em que se escolhe a melhor das sete-melhores: eu poderia jurar que nunca ouvi nenhum deles.

Freeganistas: você ainda vai ouvir falar deles

Os freeganistas vão, ironicamente, provocar uma gastança de papel incomensurável nas próximas semanas. É que amanhã eles serão destaque no Observer. E o jornal inglês é um pauteiro danado de bom para a imprensa mundial. Se ele fala, pode ter certeza de que até a imprensa brasileira vai tratar do assunto uma hora dessas.

Cá entre nós, é bom ficar de olho nos freegans (há uma definição bem precisa aqui). A idéia tende a colar porque não soa tão estranha para os nossos dias. Se, de um lado, tem gente que não muda seus hábitos de jeito maneira, do outro tem até celebridades como o Al Gore e o Bono Vox dizendo que o caminho é por aí.

Os freegans radicalizam (com uma pitada ideológica) uma idéia que está no meio de nós, que aparece na TV, que o taxista comenta com a gente. E que, em sua exacerbação, acaba virando bandeira.

Mas é inegável que algumas de suas ações são mais que bem-vindas: transformar terrenos baldios em hortas, caminhar e recuperar coisas desperdiçadas são coisas simples que todos nós podíamos implantar no nosso cotidiano.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Desconfiômetro ligado, coração tranqüilo



Tá rolando um stress por causa da nova campanha do Estadão, cujo polêmico filme está aí em cima.

Tudo porque, na cabeça dos blogueiros, trata-se de uma campanha anti-blog, em que o jornalão estaria detratando todas as conquistas e vitórias digitais dos últimos anos.

O que, naturalmente, é uma bobagem.

Na minha cabeça, tá mais pra velha história da carapuça que veste bem. A campanha fala evidentemente do 99% de lixo que é a internet. Nem a agência nem o jornal me parecem capazes de acreditar que blogs são feitos por habilidosos macacos copistas.

Fiquei surpreso com o espanto generalizado. Surpreso mesmo, porque eu, com esse meu imenso coração sincero, esperava mais das cabeças digitais pensantes. Parece até que algo ali mexeu com a culpa de quem anda postando bobagem por aí -- e daí o fenômeno foi contaminando os outros.

E digo isso na boa, porque até então eu tava achando a campanha superbacana. Até porque, pra mim, a carapuça serviu: não vejo por que alguém beberia um dos vinhos recomendados na tag etílica aí ao lado. Eu não entendo lhufas de vinho. É óbvio que o caderno Paladar tem muito mais moral pra falar sobre vinhos do que eu.

Mas o jogo viraria, por exemplo, se eu fizesse um blog de quadrinhos. Eu daria um banho no Estadão, e também digo isso na boa, sem querer ofender ninguém. O fato é que, ainda que eu tivesse uma coluna sobre quadrinhos no Estadão, o meu suposto blog seria melhor que a coluna, por conta de tamanho e da maleabilidade de um blog.

O Universo HQ, por exemplo, dá um banho na cobertura de quadrinhos de qualquer jornal do país. E olha que tem uns jornalistas de HQ bons por aí.

Mas, se eu gosto de quadrinhos, o Estadão é um puta jornal para eu me informar sobre política, economia, informática e culinária. Não são assuntos que eu acompanho com voracidade, então, ele supre as minhas necessidades superbem. Verdade seja dita: o Estadão é, de fato, o melhor generalista de informação nacional diária do mercado.

Quando o Estadão mostra o macaco, ele solta um alerta: "Amigo leitor, tome cuidado com o senhor que lê por aí". E vende seu peixe: "Se porventura quiser uma informação mais confiável, eu tenho aqui". Quando separa informação boa da ruim, fica claro que ele conquista uns leitores. Mas, mais que isso, põe uma pulga atrás da orelha do leitor. Liga o desconfiômetro.

E, afinal de contas, ler qualquer coisa com o desconfiômetro ligado é, desde sempre, pré-requisito para a vida civilizada. Algo de que ninguém deveria ter medo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Bergman por Allen., Antonioni por Scorsese

Fazer jornalismo em Nova York deve ser foda. É só ver o New York Times de hoje.

O Woody Allen ("Can one’s work be influenced by Groucho Marx and Ingmar Bergman?") escreveu sobre o Bergman: "I have joked about art being the intellectual’s Catholicism, that is, a wishful belief in an afterlife. Better than to live on in the hearts and minds of the public is to live on in one’s apartment, is how I put it. And certainly Bergman’s movies will live on and will be viewed at museums and on TV and sold on DVDs, but knowing him, this was meager compensation, and I am sure he would have been only too glad to barter each one of his films for an additional year of life."

E, como se já não bastasse, meio que só pela petulância, o Scorsese escreve sobre o Antonioni.

Outro dia, eu comentei com alguém que moraria em Londres, ainda que não houvesse nenhuma outra vantagem, só por causa da estética intrínseca da estratégia varejista do Tesco e do mapa do metrô. Mas ainda é capaz de eu me mudar pra Nova York só pelo New York Times, sem dar muita bola pro Whole Foods e pro Vino Vino.

domingo, 12 de agosto de 2007

Murais em Bagdá

Estão pintando uns painéis bacaníssimos em Bagdá. Aliás: Diego Rivera pra caralho, se vocês querem saber.

Libelomuralismo, War Street Art ou seja lá o que for, é impactante, é comovente e é a primeira notícia que leio desde que a guerra começou que me dá um sinal sincero de que tem esperança de essa joça acabar bem.

E, ainda por cima, achei mais um argumento irrefutável pra esfregar na cara de quem diz que arte é inútil (o que é completamente diferente de dizer que arte tem que ser útil, vejam só).

Google Phone & AdSense

Não vi, mas me contaram: o Google Phone não é um boato. E tudo indica que será lançado no Brasil.

A propósito, o Google cancelou minha conta no AdSense. Não tenho a menor lembrança de que tenha feito algo errado, mas os algoritmos deles juram que fiz. O e-mail deles diz que posso recorrer, mas não estou muito a fim.

E vou soar velho agora, mas enfim: debater com um discurso criado por um conceito ainda está longe de ser uma idéia que eu aceito com naturalidade.

Preparem-se: antes disso, eu já vinha confabulando posts a respeito de Google e privacidade. Serão vários, e muito divertidos.

Cof cof

Quanto pó, hein?

Bem, eu fui até ali, mas já voltei.

Deixem-me aproveitar este post para sugerir que os leitores vejam também minhas resenhas publicadas na atualização desta sexta do Universo HQ: Batman 53, 54, 55 e 56, Grandes Astros: Superman 7, O Estranho Mundo de Jack (tá nas bancas e é um mangazinho bacana pra quem é fã do filme, por sinal), Os Melhores do Mundo 1 e Sete Soldados da Vitória 4.

domingo, 29 de julho de 2007

O paradoxo da espera do ônibus


Prestes a chegar a 150 mil views no YouTube, O paradoxo da espera do ônibus é um curta desanimado com os desenhos fabulosos do Gabriel Renner.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Peter Pan: Todos Podemos Voar

Peter Pan: Todos Podemos Voar é um musical infantil grandioso. Acabamos de chegar da estréia e fica até difícil saber por onde se começa a contar.

Pode ser pelo mau-gosto de a Tam, numa hora dessas, aparecer como patrocinador de um espetáculo com um subtítulo desses. Tá lá: letreiros espalhados pelo Credicard Hall, logotipo no material de apoio, coisas simples, mas que se somam à longa lista de erros que a empresa aérea cometeu depois do acidente, por sinal bem elencados pela última Exame.

Mas o fato é que o musical é todo bizarro. Tudo bem: Peter Pan é um sucesso desde sempre e Barrie fazia alterações para agradar o público. Mas eu saí do teatro com a impressão de que as mudanças mais atrapalharam do que ajudaram.

Há alterações no roteiro que prejudicam até mesmo a construção dos personagens. Wendy não tem muito de inocente -- por vezes, se comporta como uma velha encalhada. Sininho também não trai Peter Pan. O papel dos índios ficou deslocado, porque Tiger Lily vira Tigrinha, mas nem de longe se insinua como ameaça a Wendy. Peter não pede palmas para ressuscitar Sininho. E por aí vai.

Acontece que a peça de Barrie dura umas duas horas. E esse musical também. Só que os números musicais ocupam um tempão. Para piorar, na maioria das vezes, soam como canções medonhas tiradas da noveleta argentina Rebeldes. (Há uma exceção belíssima: O Bando dos Meninos Perdidos, de Marcelo D2, um número encantador que chega a compensar as bisonhices.)

Outras opções esquisitas atrapalham o andamento do troço. Cito uma: o Capitão Gancho é nitidamente calcado em Jack Sparrow -- e cria um padrão de comparação inalcançável.

Ao mesmo tempo, esse novo Peter Pan tem um apelo inegável: efeitos visuais inéditos no país, desde uma Sininho traçada a laser até as espetaculares cenas de vôo. Apesar dos pesares, não tem como uma criança não ficar boquiaberta com as alegorias de Peter Pan.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Fernanda Chiella via ComicSpace

Essa história é bacana: a quadrinhista brasileira Fernanda Chiella vai publicar HQs roteirizadas e desenhadas por ela nos Estados Unidos. E o contato com a editora foi feito pelo ComicSpace, um Orkut restrito ao pessoal da área.

Não bastasse todo o esquema mirabolante do contato, a HQ parece bem bacana.

A notícia foi dado pelo A Notícia, de Joinville, e foi reproduzida ontem por Zero Hora. Fiz uma materinha pro UHQ em cima desses dados.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Pornografia para crianças

Dizem que eu implico com o Lula.

Já disseram mais isso, é verdade: redações e Porto Alegre costumam ser ambientes mais petistas que agências de propaganda e São Paulo.

Mas fato é que eu não implico.

Eu só insisto um pouco quando acho que tenho razão. Inclusive, insistir tem dado certo: geralmente as pessoas acabam percebendo que eu, de fato, tinha razão. E que teriam poupado tempo e, às vezes, até dinheiro, se tivessem me ouvido.

É estatisticamente provável, portanto, que eu esteja certo a respeito do governo Lula. Quando reclamo, é porque acredito que eu estou certo e o Lula, errado.

Se eu implicasse, já teria escrito um post dizendo que o Lula tá a fim de democratizar o acesso das crianças brasileiras à pornografia digital. Isso sim seria implicância.

sábado, 21 de julho de 2007

Liniers homenageia Fontanarrosa


Pottermania anti-pirataria

Ontem foi impressionante: ao meio-dia, já tinha uns dez adolescentes vestidos como bruxos e assemelhados andando pelo Morumbi Shopping. Trancado numa sala de reuniões até quase a hora da abertura das caixas do novo Harry Potter, não andei muito por aí. Mas suponho que o movimento se repetia em outras livrarias do Brasil.

À noite, pouco antes das oito, havia uma pequena multidão na Saraiva do Morumbi. Gritavam, participavam, festejavam. A abertura das caixas foi festejada verdadeiramente, como uma festa da chegada de uma nova era.

Ninguém parecia se importar com o fato de que o livro já tinha vazado na internet. E que o final estava publicado em incontáveis blogs, mas também em jornais e revistas, ao longo desta semana toda.

Aquela gente queria curtir o ritual: ir às livrarias apropriadamente vestido, participar das festas, mostrar que é fã mesmo, ler o livro de cabo a rabo e curtir até o final.

Não sei se é o que eu faria. Talvez teria dado uma espiadinha nas matérias que falam sobre o final, como, não sendo fã, fiz.

Confesso que não me emocionei com o final, e foi então que caiu a ficha: ler sete volumes até o fim é mais bacana que alguém contar.

A grande lição tirada dessa história toda é que um dos grandes fatores que provocam a pirataria, ao menos a mais amadora, é a mesma que fez com que fãs de Harry Potter fugissem dos spoilers: a paixão pelo que se vai consumir.

A obra de J.K. Rowling é muito mais que um caso brilhante de venda de livros para jovens. É uma aula de como a indústria de cultura pode trabalhar daqui pra frente.

Nesse caso, é bom lembrar o capítulo sobre a importância das fanfics para os jovens fãs de Potter, escrito por Henry Jenkins no cada dia mais obrigatório Convergence Culture. Deixar com que amadores se envolvessem com sua paixão todos os dias foi fundamental para segurar o público ao longo dos anos de longas esperas por novos volumes.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Adiós, amigo Fontanarrosa

O Fontanarrosa morreu ontem de manhã. Notícia ruim, ruim pra valer, pra fechar essa semana tétrica. Escrevi um obituário pro Universo HQ.

Eu até pensei em aproveitar e contar pela milésima vez o quanto escrever obituários tem um lado bacana. É uma das coisas de que mais sinto falta no jornalismo, porque você tem a chance de homenagear quem você curte. Mas vou poupar vocês disso. É mórbido demais e tal.

Mudando de assunto: fiz três resenhas pro Universo HQ nesta semana também. São elas:

DC Apresenta 4 - Mulher-Gato (bem bacaninha)
Guerra Civil 1 (bem bacana)
Liga da Justiça 56 (mais do mesmo)

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Cloverfield, o ARG

J.J Abrams, um dos criadores de Lost, é chegado num ARG. Antes de Transformers, o longa-metragem que estréia por aqui amanhã, passou nos cinemas norte-americanos um trailer de Cloverfield, provável nome do novo filme do cara, do qual não se sabe coisa alguma.

Vai dizer: a última coisa com que o trailer parece é com um trailer. Na real, é o começo de um ARG.

O troço continua, pelo visto, em outros sites, como o www.1-18-08.com, o www.ethanhaaswasright.com e o ethanhaaswaswrong.blogspot.com.

Há especulações até de que seja um novo ARG de Lost -- e o monstro seja o Lostzilla. Mas pode ser que seja um novo Godzilla. Ou o Cthulhu de Lovecraft. Talvez não seja nada disso. Cá entre nós, visualmente parece mais pra um remake do final de Heroes (heheh).

É algo para se acompanhar. Pode ser a estratégia de lançamento mais inusitada de um filme desde A Bruxa de Blair. E olha que a dos Simpsons vem se superando dia após dia.

Harry Potter veste Prada

O admirável velho mundo das editoras não contava com um fatorzinho pequeno, mas significativo, na hora de esconder os segredos do novo Harry Potter: a humanidade não é feita só por gente que concorda com as restrições impostas pelos contratos.

Além disso, os contratos de embargo são garantidos pelo dono das livrarias, não pelo mocinho contratado anteontem para ser guarda do depósito. Quem cuida das caixas lacradas pode até ser demitido, o que provavelmente não seja bom, mas ele tem muito menos a perder do que um Jeff Bezos da vida, que terá que pagar multas e ouvir encheção de saco da Scholastic pelo resto da vida. Com o sistema de seguro-desemprego de alguns países desenvolvidos, o sujeito pode até sair lucrando.

Num mundo em que piratear virou cool, espalhar um segredo milionário como Harry Potter incendeia a vocação de alpinista de reality show emprenhada na população. Esse carinha que fotografou o Potter virou o fodão da turma, com certeza.

E o ego de um único sujeito arrasou com uma estratégia milionária anti-pirataria.

Harry Potter não só vazou na internet, como também já está à disposição pra quem souber procurar, e talvez essa seja a maior lição que O Diabo Veste Prada nos deixou. O New York Times de hoje saiu com resenha e tudo, feita a partir de um exemplar comprado em Nova York. E a verdade é que, mais uma vez, o velho jornalão mostra que não é o que é por acaso: sumo-sacerdote da imprensa escrita, lida com o admirável mundo novo melhor do que muito site por aí.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Promethea

Seguinte, macacada: tá nas bancas a Pixel Magazine 4, aquela revista bacana que publica HQs Vertigo e Wildstorm a R$ 9,90 todo mês.

Sei lá se você estava comprando desde o primeiro número, que eu cheguei a recomendar por aqui. Azar se não tava -- perdeu umas histórias legais.

Mas agora a situação é outra.

A partir de agora, tem Promethea.

Promethea é um troço de babar. É um dos melhores trabalhos que o Alan Moore já fez. Talvez seja o melhor. De super-herói, se é que dá pra chamar assim, é o melhor. Sem dúvida. Até porque o J.H. Williams III, que já era um bom artista, faz o seu melhor trabalho.

E isso é bom de explicar: o J.H. William III era ótimo. Mas aí caiu Promethea no colo dele. E ele foi melhorando. E melhorando. E daqui a pouco você nem reconhece mais o artista do começo: ele virou um gênio.

A última edição é um pôster que pode ser lido em qualquer ordem. A imagem que abre o post é de um dos lados. Ver na íntegra é um troço de chorar.

Se eu fosse vocês, começaria a ler Promethea agora mesmo.

terça-feira, 17 de julho de 2007

E viva Marvel Max!

Olha que curioso.

Diz que a TV Cultura passou no domingo, ali pelas 21h, um teleteatro do Mário Bortolotto: Billy, A Garota. Tinha, lá pelas tantas, umas cenas de strip tease, suicídio, essas coisas.

Mas TV, mesmo estatal, teria que cumprir a tal da classificação indicativa, que é um troço pra lá de polêmico, ainda mais quando o alvo é um trabalho sério como o do Marião.

E deu que a Fundação Padre Anchieta acabou divulgando uma nota pedindo desculpas por exibir teatro na TV, o que é de uma bizarrice medonha.

Saia justa e tal, constrangimento provável entre as partes e tal.

E aí sai o foco deste post, que é a matéria que saiu na Folha Online. Leiam lá no final a citação de um tal Marc Guggenheim, que o texto não diz quem é, mas que o jornalista dá a entender que seria uma citação anti-censura.

Na verdade, Marc Guggenheim é o autor de Hipérion vs. Falcão Noturno, uma minissérie que começou neste mês na revista Marvel Max -- por sinal, em ótima fase, bastante recomendável.

Guggenheim usa a HQ para denunciar a violência brutal contra os não-muçulmanos em Darfur, no Sudão, que já teria matado aproximadamente 400 mil pessoas, e tem apoio não-declarado mas exaustivamente comprovado do governo.

Daí a citação:

"A humanidade demonstrou uma capacidade histórica para a brutalidade. Mas não sem razão. Os Janjaweed usam o medo como arma, como forma de controlar a população. Quanto mais primitivo o medo, mais eficiente o controle. E quanto mais impensáveis as atrocidades, mais primitivo o medo".

A especulação do repórter não ficou tenebrosa?