terça-feira, 9 de julho de 2013

O filme e a novela

"Nunca se deveria comparar um filme com uma peça de teatro ou um romance. O que mais se aproxima é uma novela, cuja regra geral é conter uma só ideia que termina de ser expressa no momento em que a ação atinge seu ponto dramático culminante.
Você deve ter reparado que raramente uma novela é deixada em repouso, o que a aproxima de um filme. Essa exigência implica a necessidade de um sólido desenvolvimento de enredo e a criação de situações pungentes que decorram desse próprio enredo, devendo todas acima de tudo, ser apresentadas com habilidade visual. Isso nos leva ao suspense, que é o modo mais poderoso de prender a atenção do espectador, seja o suspense de situação, seja o que incita o espectador a se indagar: 'E agora, o que vai acontecer?'."

Alfred Hitchcock em entrevista a François Truffaut, em publicada na íntegra em Hitchcock Truffaut, que saiu aqui pela Companhia das Letras.

domingo, 7 de julho de 2013

Picolé de Limão

Acho a Bruna Beber uma baita poeta. Parece que, com a Flip, enfim ela vai ganhar um reconhecimento popular - ontem, na Folha, a coluna da Raquel Cozer contou que ela esgotou na livraria do festival. O editor, faceiro, a chamava de "nosso Leminski".

Mas tenho que confessar (pode ser coisa minha) que fico mais feliz lendo Bruna Beber que Leminski.

Enfim: saiu por esses dias o novo livro dela, Rua da Padaria. É formidável. De lá tirei este poema: 

picolé de limão

pensando rápido
a vida é desgraçada 

– o primeiro rádio 
ganhei no bicho

meu primeiro amor 
achei no lixo 

o primeiro tiro 
levei no bingo 

meu melhor amigo 
conheci na cadeia 

a primeira ambição 
um palito premiado – 

pensando lento 
que graça.