(1) Xingu
O filme Xingu, de Cao Hamburguer, está nos cinemas. É sobre os irmãos Villas-Boas e a criação do Parque Nacional do Xingu. Bem bom pra uma cinebiografia. Gostoso de ver. Dentro do possível, os índios ficam em suas terras, mantém sua cultura, se protegem da nossa civilização. De novo: dentro do possível.
(2) Escalpo
(3) Habitante irreal
O romance Habitante irreal, de Paulo Scott, foi publicado no ano passado. Começa com um estudante de Direito que encontra uma índia na beira da estrada no interior do Rio Grande do Sul. O garoto se envolve com a índia, tenta ajudá-la, não quero ir além pra não estragar nada, mas o livro retrata aquela miséria em que vivem os índios brasileiros, ainda mais os urbanos, que vivem em reservas que pouco ou nada são mais que favelas com uma língua à parte.
(Falei um pouco mais de Habitante irreal outro dia.)
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Pensando alto: a questão indígena
A gente chama de a "questão indígena". Tudo que é complexo demais a gente junta numa caixinha chamada "a questão". Tem questão racial. A das cotas. A dos homossexuais. A fundiária. A das drogas. É até bom pra diferenciar o que é fácil de fazer do que exige debate. No Brasil, não há uma "questão dos impostos", por exemplo. Não há nada a discutir, apenas a reduzir.
Mas dá pra reduzir com ficção? Dá pra fazer um romance sobre a reforma fiscal?
Habitante irreal mostra que Xingu mostra só uma parte do problema? Ou Xingu aponta um caminho para Escalpo? Xingu é um paraíso artificial que nos redime pelos índios de Escalpo e Habitante irreal? O final de Xingu alivia? E o final de Habitante irreal gera culpa? Escalpo, que ainda não chegou ao final, deve acabar como? Por que eu posso misturar índios americanos e brasileiros se as realidades são distintas? (As realidades são distintas?) Deveria haver um cassino no Xingu? E na aldeia de Maína, de Habitante irreal?
Pro que é questão de fato, dê-lhe debate. E ficção. Ou não.
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