No Caderno 2 do Estadão de hoje, o Sérgio Augusto escreve sobre a má qualidade das TVs aberta e fechada. Até aí, a rigor, de novo só tem o prazer de ler o texto do Sérgio Augusto mesmo quando o tema é batido.
Mais para o final, ele comenta os erros surreais de tradução e legendagem dos filmes e programas. É um absurdo o que tem de bizarrices.
Não sei a origem do problema, mas fico com a sensação que o boom de TV a cabo e DVDs nos últimos anos acabou sobrecarregando o sistema de tradução brasileiro. Num país pobrinho como o nosso, onde a miséria também está na cabeça das pessoas, fica difícil se produzir de uma hora pra outra hordas de tradutores, que, pra serem bons, precisam de uma formação afiadíssima, mas são pagos como peões de obra.
Numa caixa de seriado em DVD, dessas com seis discos, as legendas são um verdadeiro museu dos erros de português. Tem de tudo. Sujeito separado do verbo por vírgula chega a ser em abundância. "Há tantos dias atrás" é quase norma padrão. Até um "excessão" eu vi outro dia.
É surreal: uma caixa dessas custa, no lançamento, uns R$ 150 no preço de tabela. Não é possível que não dê para passar um corretor ortográfico ou pedir para alguém conferir pra ver se está tudo direitinho.
O pior de tudo é que esse desleixo se dá concomitantemente ao discurso enraivecido dos estúdios contra a maldita pirataria. Aí eu -- que não compro pirata, faço tudo direitinho e não tenho nada a ver com isso -- sou obrigado a ver umas propagandas medonhas antes do meu DVD que, quando começa, revela que nada mais é do que um trabalho porco.
Nessa hora de crise, o papel da economia formal é caprichar. Os estúdios, porém, estão na contramão, descambando. É surreal.
Um comentário:
Nunca vi legenda errada dos Lostmaníacos. Eles inclusive assinam: "De graça é mais gostoso".
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