Artistas do passado são freqüentemente condenados por suas escolhas equivocadas, como se a habilidade de pintar, escrever um livro ou fazer um filme desse a capacidade de avaliar o que o futuro nos reserva. Volta e meia alguém é condenado por conta de tomar uma atitude comum em seu tempo. Nessas caças às bruxas, Hergé teve seu Tintim acusado de racismo, Shakespeare foi um porco machista e por aí vai.
Engraçado que a gente tende a pensar que atitudes assim ficaram no passado e que estamos no auge da iluminação humana. Mas é só ver Superman: Doomsday pra ver que não é nada disso.
Doomsday é um longa-metragem em animação que saiu nos Estados Unidos semana passada, inaugurando uma linha de desenhos voltados para adultos da DC Comics que sairão diretamente em DVD.
A história mostra uma trama já conhecida do público em geral: a morte do Superman, que é provavelmente a HQ mais badalada das últimas décadas. O filme tem algumas diferenças em relação à revista, mas o centro da história é o mesmo (se você não quer estragar o final, pare de ler aqui mesmo): o monstro Doomsday surge do nada, mata Superman, surge um impostor clonado para, só então, Superman voltar à vida.
Pra um desenho animado de super-herói, a história é bem violenta. Tem pancadaria e sangue pra valer. E isso inclui a cena que eu queria citar: um massacre de clones. Clones morrem no filme como se não tivessem direito algum à vida.
Claro que a proximidade da clonagem humana vão se acirrar as discussões, mas tendo a supor que, num futuro qualquer, matar clones será tão imoral quanto matar seres humanos. Portanto, anotem aí: Doomsday será acusado de promover a histeria numa era de barbárie -- estes dias em que vivemos.
Um comentário:
Não gostei do desenho. Achei a história muito ruim. Li a Morte do Superman e achei legal, mas melhor ainda foi o Retorno (muito boa). Agora o desenho quis resumir tudo, a morte e o retorno em 60 minutos. Achei que não teve nada a ver com a história original e foi muito fraco. Não recomendo.
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