Se a fama é uma coisa muito louca, imagine só a microfama. Microfama, você sabe, é aquela sensação traíra de que você é famoso, mas na verdade tem um grupo pequeno de gente que conhece você - ou um grande grupo que ouviu falar vagamente da sua existência. Mais cruel que a fama, a microfama é devastadora.
Suspeito que sou mais uma vítima da microfama. Há alguns sites que acham que o Nasi, que era do Ira!, se chama Eduardo Nasi. Na verdade, ele se chama Marcus Valadão.
Já que o assunto veio à tona, resolvi buscar nos meus arquivos uma velha entrevista com o Nasi macrofamoso, publicada originalmente no agora extinto caderno Patrola, da Zero Hora. Egocentrismo à parte, foi a apresentação que fiz aos meus jovens leitores.
Podei a introdução, editei umas coisas que não estavam claras, mas não cheguei a cortar as menções à ex-banda, porque foi assim que a conversa rolou:
Ok, Nasi, pode começar contando a história de por que usar justo o meu nome...
Olha, Nasi, meu apelido era "Nazi", porque eu brigava pra caramba. Mas nunca fui nazista! Imagina, sou de uma família de italianos comunistas. Nunca pensei que um apelido de colégio fosse ficar por tanto tempo. No primeiro e no segundo disco do Ira!, o meu nome aparece como Marcos Valadão. Aí mudei pra "s" porque tive muito problema com isso. Até os caras de um partido nazista me ligavam!
E tem um lance de "nasi" ser nariz em italiano...
É, é "narizes", é plural. Na época que eu cheirava, o pessoal dizia que eu tinha muitos narizes. Mas agora não faço mais isso.
Como que ser italiano pesa numa banda que é a mais paulista do Brasil, ainda mais que São Paulo tem essa coisa superitalianada?
Sou muito italiano. Meu nome é Marcos Valadão Rodolfo, e o "Rodolfo" vem de "Ritolphi". Agora vou mudar o nome pra fazer cidadania. Todo mundo na minha família já fez, mas sou muito enrolado. Na banda, todos são italianos, menos o André, mas nem sei direito o que ele é. E a gente tem sotaque forte. Se bem que perdeu muito com as viagens.
Já que vocês são tão de São Paulo, o que tem de mais legal lá?
Eu não sou mais um cara da noite. Saio pouco. Então eu gosto dos restaurantes, vou na casa dos amigos... Quando vou em outras cidades, penso como seria legal morar nelas, mas teria que levar os amigos.
Tem bandas novas legais lá?
Tem, mas gosto mais da cena curitibana, que tem uma coisa meio porto-alegrense de uns anos atrás. Gosto de Feichecleres e Relespública.
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