O admirável velho mundo das editoras não contava com um fatorzinho pequeno, mas significativo, na hora de esconder os segredos do novo Harry Potter: a humanidade não é feita só por gente que concorda com as restrições impostas pelos contratos.
Além disso, os contratos de embargo são garantidos pelo dono das livrarias, não pelo mocinho contratado anteontem para ser guarda do depósito. Quem cuida das caixas lacradas pode até ser demitido, o que provavelmente não seja bom, mas ele tem muito menos a perder do que um Jeff Bezos da vida, que terá que pagar multas e ouvir encheção de saco da Scholastic pelo resto da vida. Com o sistema de seguro-desemprego de alguns países desenvolvidos, o sujeito pode até sair lucrando.
Num mundo em que piratear virou cool, espalhar um segredo milionário como Harry Potter incendeia a vocação de alpinista de reality show emprenhada na população. Esse carinha que fotografou o Potter virou o fodão da turma, com certeza.
E o ego de um único sujeito arrasou com uma estratégia milionária anti-pirataria.
Harry Potter não só vazou na internet, como também já está à disposição pra quem souber procurar, e talvez essa seja a maior lição que O Diabo Veste Prada nos deixou. O New York Times de hoje saiu com resenha e tudo, feita a partir de um exemplar comprado em Nova York. E a verdade é que, mais uma vez, o velho jornalão mostra que não é o que é por acaso: sumo-sacerdote da imprensa escrita, lida com o admirável mundo novo melhor do que muito site por aí.
Um comentário:
Ah, sim. E que redação brazuca correria o risco de desrespeitar um anunciante com uma matéria "proibida"?
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