Peter Pan: Todos Podemos Voar é um musical infantil grandioso. Acabamos de chegar da estréia e fica até difícil saber por onde se começa a contar.
Pode ser pelo mau-gosto de a Tam, numa hora dessas, aparecer como patrocinador de um espetáculo com um subtítulo desses. Tá lá: letreiros espalhados pelo Credicard Hall, logotipo no material de apoio, coisas simples, mas que se somam à longa lista de erros que a empresa aérea cometeu depois do acidente, por sinal bem elencados pela última Exame.
Mas o fato é que o musical é todo bizarro. Tudo bem: Peter Pan é um sucesso desde sempre e Barrie fazia alterações para agradar o público. Mas eu saí do teatro com a impressão de que as mudanças mais atrapalharam do que ajudaram.
Há alterações no roteiro que prejudicam até mesmo a construção dos personagens. Wendy não tem muito de inocente -- por vezes, se comporta como uma velha encalhada. Sininho também não trai Peter Pan. O papel dos índios ficou deslocado, porque Tiger Lily vira Tigrinha, mas nem de longe se insinua como ameaça a Wendy. Peter não pede palmas para ressuscitar Sininho. E por aí vai.
Acontece que a peça de Barrie dura umas duas horas. E esse musical também. Só que os números musicais ocupam um tempão. Para piorar, na maioria das vezes, soam como canções medonhas tiradas da noveleta argentina Rebeldes. (Há uma exceção belíssima: O Bando dos Meninos Perdidos, de Marcelo D2, um número encantador que chega a compensar as bisonhices.)
Outras opções esquisitas atrapalham o andamento do troço. Cito uma: o Capitão Gancho é nitidamente calcado em Jack Sparrow -- e cria um padrão de comparação inalcançável.
Ao mesmo tempo, esse novo Peter Pan tem um apelo inegável: efeitos visuais inéditos no país, desde uma Sininho traçada a laser até as espetaculares cenas de vôo. Apesar dos pesares, não tem como uma criança não ficar boquiaberta com as alegorias de Peter Pan.
Um comentário:
Eu tava sem internet em casa. Estou de volta.
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