Ontem foi impressionante: ao meio-dia, já tinha uns dez adolescentes vestidos como bruxos e assemelhados andando pelo Morumbi Shopping. Trancado numa sala de reuniões até quase a hora da abertura das caixas do novo Harry Potter, não andei muito por aí. Mas suponho que o movimento se repetia em outras livrarias do Brasil.
À noite, pouco antes das oito, havia uma pequena multidão na Saraiva do Morumbi. Gritavam, participavam, festejavam. A abertura das caixas foi festejada verdadeiramente, como uma festa da chegada de uma nova era.
Ninguém parecia se importar com o fato de que o livro já tinha vazado na internet. E que o final estava publicado em incontáveis blogs, mas também em jornais e revistas, ao longo desta semana toda.
Aquela gente queria curtir o ritual: ir às livrarias apropriadamente vestido, participar das festas, mostrar que é fã mesmo, ler o livro de cabo a rabo e curtir até o final.
Não sei se é o que eu faria. Talvez teria dado uma espiadinha nas matérias que falam sobre o final, como, não sendo fã, fiz.
Confesso que não me emocionei com o final, e foi então que caiu a ficha: ler sete volumes até o fim é mais bacana que alguém contar.
A grande lição tirada dessa história toda é que um dos grandes fatores que provocam a pirataria, ao menos a mais amadora, é a mesma que fez com que fãs de Harry Potter fugissem dos spoilers: a paixão pelo que se vai consumir.
A obra de J.K. Rowling é muito mais que um caso brilhante de venda de livros para jovens. É uma aula de como a indústria de cultura pode trabalhar daqui pra frente.
Nesse caso, é bom lembrar o capítulo sobre a importância das fanfics para os jovens fãs de Potter, escrito por Henry Jenkins no cada dia mais obrigatório Convergence Culture. Deixar com que amadores se envolvessem com sua paixão todos os dias foi fundamental para segurar o público ao longo dos anos de longas esperas por novos volumes.
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