Primeiro foi a bagunça da fila, que começou a se formar cedo. Tinha gente tentando furar, acabou virando barraco, um horror.
Estava claro: os agora lendários 166 lugares do Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, não teriam como abrigar os centenas de seguidores de David Lynch.
Teve bate-boca, teve funcionário da livraria jogando a responsabilidade da organização para o público, teve gente que chegou cedo e ficou de fora em detrimento dos furões. Enfim, ficou um climão pesado.
Fora que tinha que chegar cedo, ficar na fila, uma chatice.
E teve o lado legal: o Lynch reuniu uma fauna de amigos que ia de artista chapecoenses a editores do Batman.
Mas, deixando tudo isso de lado, de repente:
David Lynch estava lá. Com seu topete Eraserhead. Falando sobre meditação. Dizendo que idéias são como peixes. E que, às vezes, assim como você se apaixona por um peixe, você acaba se apegando a uma idéia -- e é essa idéia, que não é necessariamente a maior ou a melhor, que vira a obra.
(Pra mim, que já tinha lido Em águas profundas, tirando o momento tiete, foi isso que mais valeu.)
Coisas assim. Por pouco mais de meia hora.
Ou coisas como a pergunta "Meditação transcendental pode ajudar as pessoas a entenderem seus filmes?".
Pra qual a resposta foi, citando uma das supostas vantagens da tal técnica:
-- Compreensão infinita.
E a galera riu.
Além do Lynch em si, estava, meio que de surpresa, o Donovan, guru de meditação dos Beatles.
O Donovan. Quem diria. E ele ainda cantou uma canção.
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