sábado, 1 de dezembro de 2007

A Shakespeare and Company original

Em Paris, fui à Shakespeare and Company, uma livraria de língua inglesa muito interessante, ancorada de fato um projeto cultural consistente (e essa história fica pra próxima). Também é um prédio muito visitado por turistas, como logo se percebe.

O nome presta reverência à Shakespeare and Company original, criação de Sylvia Beach na Paris do entre-guerras no século passado, lotada de intelectuais. Sylvia sacou que a cidade fervilhava de leitores de inglês, mas que não havia como encontrar livros na língua de Shakespeare com facilidade. Acabou montando uma livraria que também alugava livros e servia de pólo cultural para os felizes exilados.

A jogada toda de Sylvia soa como um tapa na cara pra acordar a gente, que vive na era da Amazon, em que qualquer conhecimento impresso chega em nossas casas em pouquíssimo tempo e no menor custo que a história da civilização registra até hoje. Mas foi isso que ela fez: uma proto-Amazon na Rive Gauche, e ainda com o filtro pessoal dela e de seus amigos próximos.

Sylvia fez mais: foi a editora de Ulisses, de seu amigo James Joyce, quando ninguém queria ter esse pepino censurado nas mãos.

E é ela quem conta a própria história em Shakespeare and Company, livro que saiu em português um tempo atrás pela Casa da Palavra. É uma viagem no tempo em companhia de uma senhora distinta e elegante, que tem um papo delicioso e elegantemente sarcástico.

3 comentários:

camila gonzatto disse...

Oi, Dudu

Eu achei a livraria muito legal! aquelas estantes cheia até não poder mais, os gatos andando, camas de livros... Ela fica no mesmo lugar da original? Eu vi o livro pra vender na Feira, mas acabei não comprando.

Beijos!

Eduardo Nasi disse...

Não, Camila. A da Sylvia Beach ficava na l'Odeon -- e mudou de endereço pelo menos uma vez. A atual fica às margens do Sena, bem diante da Notre Dame -- mas ainda na Rive Gauche.

camila gonzatto disse...

Eu fui nessa nova - que de nova não tem nada. :) E, isso deixa um charme maior. Caí lá por acaso, caminhando por Paris e adorei a surpresa. Usei ela como uma referência longínqua, quando fomos fazer o É pra presente. Beijos