terça-feira, 8 de maio de 2007

Los Hermanos e o disco imaginário

O conceito de livros imaginários é recorrente em Sandman. São livros que ou se perderam ou nunca foram escritos. Na HQ de Neil Gaiman, todos esses livros estão nas prateleiras da biblioteca do Sonhar, a terra dos sonhos, guardados pelo zeloso Lucien.

Gosto da idéia de uma discoteca imaginária, nos mesmos moldes. Um disco perdido dos Beatles aqui, o álbum que o Kurt Cobain gravou no Brasil ali, o terceiro disco psicodélico do Ronnie Von acolá -- dá pra pirar pra caramba.

Mas o que mais me cativa é quando a cultura imaginária surge a partir do mundo real, de lendas urbanas e boatos.

Fãs dos Los Hermanos devem estar sonhando com um quinto disco imaginário da banda, que se separou uns dias atrás. Até prova em contrário, ninguém nunca vai ouvi-lo. Mas ele já começa a tomar forma nas histórias de bastidores lendárias do mundo da música.

A história, que provavelmente nem é verdade, vem do começo deste ano, com Marcelo Camelo insistindo para que o próximo disco da banda tivesse apenas suas composições. As do Rodrigo Amarante ficariam de fora.

Aí o resto da banda reclama. Diz que não e tal. Fica um climão -- eis a origem da ruptura, ou do tempo, whatever.

A partir da separação, Camelo vai ser compositor e, como a Sandy, fazer carreira solo (o que já rende um segundo disco imaginário, vejam só). Amarante assume de vez a Orquestra Imperial. Bruno Medina larga a música e vira blogueiro e escritor. O Barba, conta a mesmíssima história, sai em turnê com Wander Wildner. Alex Werner, o quinto hermano, continua empresariando Camelo.

E assim a banda se separa, deixando na discografia um álbum imaginário: o tal do quinto álbum, só com músicas de Marcelo Camelo. Dá pra imaginá-lo como um disco tenso, em que a banda pesa por conta dos conflitos. Aposto que um fã mais afoito consegue ouvir a música.

Mas a história não acaba aí.

Insisto: é só a lenda que ouvi, provavelmente inverídica, e que me serve de base para pensar na construção de um disco imaginário. Mas ela, enquanto história, não acaba aí de jeito maneira.

O fim é daqui um ano, quando, por acordo selado agora, a banda se reuniria de novo para gravar o último disco. O último álbum dos Los Hermanos, conforme já está decidido, será justo aquele só com músicas do Camelo. Mas, passado um ano, com ânimos mais calmos. E então um disco imaginário tomaria forma e chegaria às lojas.

Mas aquele que seria gravado agora, tenso, angustiado, só na Discoteca do Sonhar mesmo.

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